Análise e comentários:
FILMOGRAFIAS DE ROBERT EGGERS,
JORDAN PEELE
&
ARI ASTER,
OS
MESTRES DO NOVO-TERROR
23
de julho de 2023
Douglas Jefferson, bacharel em Filosofia
fotos: Larry Busacca;
poltronanerd.com.br; nme.com
Robert Eggers, Jordan Peele e Ari
Aster, ambos estadunidenses, são três dos mais prestigiados diretores da atualidade,
iniciando suas filmografias recentemente. Na contramaré do terror mainstream,
o trio esbanja autoralidade, foge dos clichês de gênero e aposta em abordagens
profundas, que não causam apenas medo, mas sobretudo reflexões, sem o uso
excessivo de sustos manjados e sangue gratuito. Com elementos do folk-horror,
isto é, de um terror baseado em figuras e comportamentos folclóricos, incluindo
mitologias de culturas específicas, cada um deles revigorou a categoria. Tanto
que, há quem defenda a tese de um novo movimento cinematográfico, chamado de
pós-terror, mais original, atmosférico e psicológico – porém, ao meu ver, ainda
muito alinhado a alguns dos grandes clássicos do gênero, que faziam o mesmo no
século passado, guardadas as devidas proporções, como Kubrick e Hitchcock.
Robert Eggers, nascido em 1983, iniciou
sua carreira nas artes dentro do teatro e do design. Desde pequeno, é
fascinado por mitologias – gosto que transcendeu à vida adulta e influenciou a
produção de seu cinema. Cada novo projeto passa por muitos anos de estudo, afim
de ambientar a experiência fílmica em um Universo coeso, perfeccionista e
bem-estabelecido; nisso, o cineasta domina as possibilidades estéticas e
narrativas, trazendo referências de mitos e personagens praticamente
transportados no tempo, tamanho seu realismo. Todas as histórias contadas por Eggers
são “atmosféricas”, com o medo do desconhecido, e se situam em passados mais ou
menos distantes, como o século X ou o século XVII, adornadas por figuras folclóricas
de cada época e localidade. Nisso, traz valquírias, sereias, bruxas e demônios às
telas. Detalhista ao extremo, surge como uma das vozes mais autorais e
promissoras de sua geração.
Jordan Peele, nascido em 1979, era
conhecido por sua comédia enquanto ator e roteirista, participando de enquetes
humorísticas, como na série Key & Peele (2012-2015), até passar a
dirigir longas-metragens de terror. Seu primeiro filme na direção, Corra!
(2017), foi um fenômeno de público e crítica, arrebatando o Oscar de Melhor
Roteiro Original, com seu “terror racial”. Os projetos de Peele são muito
influenciados pela série Além da Imaginação, na qual participou como apresentador
na temporada de 2019, com enredos inteligentes, divertidos, dotados de mistério
e reviravoltas. Há ainda muitas camadas de reflexão sócio-racial, em metáforas
narrativas e visuais. Não basta o terror, precisamos entender o que causa esse
terror – muitas vezes, o racismo. Por isso, o que esperamos de seus filmes
passa pelo medo, pelo riso e pela crítica social. Não à toa, é considerado o
mais conhecido entre os novos mestres do gênero.
Ari Aster, nascido em 1986,
portanto, o mais jovem dos três, fez sua fama no novo-terror, com um estilo diferenciado,
ousado e extremo, chocante, sendo uma das estrelas da cultuada produtora A24.
Seus trabalhos se valem de tragédias familiares como motor às tramas, sempre
protagonizando personagens traumatizados, cheios de transtornos psicológicos. Fixando
a formação familiar no centro dos desvarios, o cineasta nos atenta para a
verdadeira causa do horror real, quando o bem-estar psicológico entra em
colapso. Ele se utiliza muito do absurdo e até do ridículo, tirando-nos do
habitual para cenários narrativos completamente bizarros. Com isso, gera não
raras vezes risos de nervosismo. Limites, não existem para Aster. Também são
constantes as presenças de seitas, com figuras infiltradas, e muitas
decapitações.
Na sequência, deixo minhas sinopses e comentários acerca de cada uma das três trilogias, cada qual lançada até então por um dos realizadores.
ROBERT EGGERS
The VVitch: A New-England Folktale (2015) | A Bruxa
Nota pessoal: 9,7 (excelente)
Comentário:
Durante os anos de 1630, na Nova Inglaterra, uma família puritana, isto é,
rigorosamente cristã, é coagida a se isolar na orla de uma distante e sombria
floresta, onde folclore e realidade não se distinguem. Tudo toma um rumo assustador
quando o caçula da família, um bebê, antes mesmo do batismo, desaparece. As
culpas de cada membro acabam confluindo aos dogmas religiosos, projetando
certezas – como bruxas ou o destino dantesco do bebê não-batizado. Eggers, logo
em seu primeiro longa, demonstra claramente seus traços cinematográficos: foge-se
da obviedade, com um terror sem muitos dos artifícios convencionais. No lugar da
clareza, há implicitude, o que permite nossa imaginação completar as lacunas –
com nossos medos mais íntimos. Há algo de macabro, diabólico, não
necessariamente naquilo que é visto, mas na atmosfera criada pelos sons, sombras,
montagem e direção, com a obra refletindo as convicções e estados emocionais
dos personagens em tela. Uma lentidão que, ao público acostumado com o ritmo do
terror-mainstream, pode decepcionar, mas que convida, àqueles que se
permitem experienciar a obra, uma imersão profunda. É tudo muito palpável,
mesmo ao tratar de antigos mitos, que ao passar das eras caíram na caricatura
popular, renovando seus poderes de fascínio e assombro.
The Lighthouse (2019)
| O Farol
Nota pessoal: 10 (perfeito)
Comentário:
No início do século passado, um jovem é contratado a assumir um cargo auxiliar,
numa ilha remota. Lá, deve ajudar (e conviver com) um velho faroleiro, que tem
acesso exclusivo ao enigmático farol. Rodado todo em preto-e-branco, com proporção
de tela quase em tamanho quadrado, como nas primeiras décadas do cinema,
entramos em uma realidade opressiva, solitária, enlouquecedora. Há diversas
referências da literatura, mitologia marítima e mesmo artes plásticas, como a
pintura Hypnosis (1904), de Sascha Schneider. Diria que o projeto nasceu
clássico, não só pela estética. É o tipo de filme que tende a gerar discussão
por décadas. Um quê de mistério lovecraftiano, múltiplas possibilidades
interpretativas, respostas veladas, tudo o que impele uma sobrevida à obra no
imaginário coletivo. Talvez, o mais impressionante seja o realismo, parte do
minucioso controle criativo do diretor: Pattinson e Dafoe vivenciam seus
personagens em altíssima qualidade, especialmente Dafoe, a compor trejeitos de
época e vícios de linguagem, sem deixar a peteca da suspenção de descrença,
essencial ao cinema de ficção, cair por um momento sequer. Estão entre as
melhores (e mais subestimadas) atuações que já vi.
The Northman (2022)
| O Homem do Norte
Nota pessoal: 9 (excelente)
Comentário: Por volta do décimo século depois de Cristo, na gélida Islândia, o príncipe Amleth testemunha o fratricídio de seu pai – e toda a derrocada de seu reino. Anos mais tarde, adulto, retorna às terras natais, movido pela vingança. O épico viking ostenta um orçamento invejável, em comparação às produções mais contidas dos primeiros longas de Eggers. Para vender, comercializa-se como um grande blockbuster de ação, ainda que os traços autorais do diretor tornem o projeto um tanto estranho aos padrões do gênero, com inserções próprias ao terror psicológico. Trata-se de uma adaptação do mito escandinavo que deu origem à mais célebre peça teatral do Ocidente, Hamlet, de Shakespeare. Aqui, nas telas de modo brutal, animalesco, sujo e hiper-realista, dentro da diegese mitológica do politeísmo nórdico medievo, onde valquírias conduzem combatentes-heróis, mortos em batalha, à cobiçada Valhala, uma espécie de Paraíso. Quiçá o intimismo de outrora tenha feito falta, e a grandiloquência do estúdio tenha pesado a mão, porém, ainda assim, a jornada “vale o ingresso”.
JORDAN PEELE
Get Out (2017)
| Corra!
Nota pessoal: 10 (perfeito)
Comentário:
Um jovem fotógrafo negro é convidado a conhecer a casa da família de sua
namorada branca, onde vivem os pais dela, um neurocirurgião e uma
hipnoterapeuta. Talvez o que mais chame a atenção, neste projeto, é o subtexto
racial: não é o racismo explícito, escancarado, que vemos aqui, mas o racismo
velado, sutil, que se percebe na discriminação irônica do elogio físico, por
exemplo. Para não parecer o que, em realidade, se é, tenta-se justificar
insistentemente. “Como posso ser racista, se votei em Obama?”. Dissimulação
pura. No filme, a ideia ganha contornos criativos de extrema originalidade. Há
humor ácido, presente no currículo precedente do diretor, suspense e terror
psicológico. Diversas metáforas visuais, em detalhes, como o algodão –
matéria-prima abundante do escravismo estadunidense –, desempenhando
papel-chave em uma cena crucial, fazem toda a diferença no impacto simbólico da
obra. Antes, na escravidão legalizada, buscava-se anular a consciência do
indivíduo escravizado, em razão de sua mão-de-obra, sua força física, a encher
os bolsos dos senhores brancos; hoje, o mesmo desejo ecoa, porém,
institucionalizado, “debaixo dos panos”, levando a novas formas de controle
racial. A sensação de desconforto e não-pertencimento é constante. Destaco duas
sequências: a primeira, quando Chris, nosso protagonista, “afunda” dentro de
si, imobilizado, em transe hipnótico; a outra, quando uma das empregadas da
família, uma mulher negra, exibe paradoxalmente um olhar de desespero, cheio de
lágrimas, enquanto sorri. Todo o elenco está brilhante, na medida certa, cada
qual em seu papel.
Us (2019) | Nós
Nota pessoal: 9,4 (excelente)
Comentário:
Uma família afrodescendente decide passar uns dias em uma casa de praia, quando
são surpreendidos por “cópias” deles próprios, porém, mais sombrios, usando
macacões vermelhos. As “cópias” invadem a casa, iniciando um terror inabalável.
O sucessor de “Corra!” (2017), embarca de vez em uma trama à la Além
da Imaginação. Simbolismos visuais, em referência às “cópias”, ou duplos,
estão presentes em números, espelhos e tesouras. Quem são eles, tão parecidos
conosco? Quem somos nós? O título é um trocadilho com U.S., United
States, Estados Unidos, em inglês, e uma provocação. Enquanto usufruímos da
superfície, nossos “irmãos”, para usar o termo bíblico, escondem-se nas sombras
do esquecimento, desumanizados e ressentidos. A pressão tende inevitavelmente a
estourar as bolhas, revelando aquilo que, em tese, nós não queremos conhecer: o
terror. Quem está acima, no conforto, teme que o duplo “debaixo”, no subsolo
social, tome seu lugar ao Sol; assim, busca perpetuar as distâncias. E são
essas distâncias (do ambiente) que, em boa medida, acabam moldando quem somos. A
campanha “Hands Across America”, de 1986, que buscou conscientizar a
população americana e arrecadar fundos, com milhões de pessoas de mãos dadas,
para representar a irmandade da nação, como um pacto de igualdade, é muito
referenciada, ironicamente, claro. Destaco Lupita Nyong'o, que entrega uma
dupla atuação de arrepiar.
Nope
(2022) | Não! Não Olhe!
Nota pessoal: 9,2 (excelente)
Comentário: A trama acompanha dois irmãos, descendentes do “anônimo” jóquei negro que aparece montado no cavalo de The Horse in Motion, publicado em 1887 por Eadweard Muybridge, constituindo importante passo no desenvolvimento do cinema. Eles treinam seus cavalos em um grande rancho da família, para aparecerem em filmes de Hollywood, até que um objeto voador não-identificado passa a abduzir os equinos. Outro núcleo de interesse é o de Jupe, um ex-ator-mirim, sobrevivente do massacre promovido por um chimpanzé, durante a gravação de uma sitcom televisiva. Tendo por premissa a ocorrência de “milagres ruins”, isto é, intervenções inexplicáveis que ocorrem não em eventos felizes, mas sim em desgraças, o longa nos prende a respiração, deixando cada espectador ávido a descobrir o que, de fato, está acontecendo. Somos atraídos quase que naturalmente pelas tragédias, queremos saber os porquês de cada derramamento de sangue. E a espetacularização do horror, pela mídia, como faz o TMZ, auxilia nesse fascínio mórbido. Como resistir o olhar? O que quer que seja nos céus do rancho, extraterrestre, criatura mitológica ou mesmo anjo, parece atacar quando contemplado, como uma criatura acuada – ou uma Medusa, que mata quem vislumbra sua face. Quanto mais o olhar resiste, mais sua forma (ou sua “desforma”) desafia nossa curiosidade. Os irmãos (e mesmo Jupe), marginalizados em suas próprias histórias, vide o ancestral e esquecido jóquei, buscam tomar o controle da narrativa, e (eles próprios), não a mídia ou o cinema de outrem, alcançar algum tipo de redenção.
ARI ASTER
Hereditary (2018)
| Hereditário
Nota pessoal: 9,5 (excelente)
Comentário:
Com a morte recente da avó, uma família herda um destino aterrorizante, com incidentes
cada vez mais estranhos. O filme se inicia com um plano-geral do ateliê da mãe,
Annie, que constrói maquetes arquitetônicas, até a câmera se aproximar de um
pequeno quarto, dentro do cenário, que se revela o dormitório real de seu
filho, Peter. Seriam os personagens da casa como os bonecos manejáveis das
maquetes? Mas quem está no controle? E por quê? Restam, ainda, a “diferente”
filha adolescente, Charlie, cuja falecida avó desejava que tivesse nascido no
sexo masculino; e Steve, o pai, núcleo racional, sempre disposto a resolver
tudo da melhor forma possível. Hereditário é o longa de estreia de Ari
Aster, que conduz o drama e o suspense com originalidade, explorando temas
sombrios, que não podemos revelar sem dar spoilers. Trata-se, sem
dúvida, de um dos melhores filmes de terror da última década, ainda que sua
aceitação não seja unânime, tendo em vista as particularidades do pós-terror.
Sem mostrar demais, o diretor cria uma atmosfera progressivamente macabra, sufocante,
desesperadora. Em cada membro da família, gera males psíquicos impossíveis de
engolir, fazendo qualquer um naturalmente “perder a cabeça”. Somos conduzidos
por um corredor escuro, até o único fim possível: uma porta entreaberta para o
sobrenatural. Terror puríssimo, que tende a melhorar nosso entendimento somente
após reassistidas.
Midsommar (2019)
| Midsommar: O Mal Não Espera a Noite
Nota pessoal: 9,7 (excelente)
Comentário:
Após uma tragédia familiar, uma jovem e seu namorado, com um grupo de amigos-homens,
partem em viagem, até uma pequena comunidade sueca, onde está para acontecer um
festival de solstício de verão. Lá, todos se vestem uniformemente de branco, ingerem
substâncias alucinógenas, parecem ininterrupta e estranhamente felizes e
participam de cerimônias primitivas. É um terror à luz do dia, sem monstros ou
espíritos malignos. O que governa o medo, aqui, é o contraste cultural. O que,
para alguns, é bem-aceito, natural, tradicional; para outros, é inaceitável,
repulsivo, criminoso. Há um interessante debate antropológico na trama, que nos
leva a refletir sobre nossas próprias crenças – e o quão elas podem soar excêntricas
àqueles que não estão habituados aos nossos próprios valores religiosos, ou
mesmo filosóficos. Neste entretempo dos dias de evento, a relação dos namorados,
fragilizada há tempos, toma um rumo pautado nas diretrizes da comunidade, que
substitui os interesses (e as dores) subjetivas por uma coletividade
psicologicamente vinculada. O indivíduo se dissolve, torna-se parte de um
coletivo. Como diria o filósofo Maxime Glansdorff: as tendências pessoais, neste
caso, perdem parte de sua independência, ao mesmo tempo que adquirem segurança¹.
E com segurança, com um chão dogmático de crenças partilhadas, onde a dúvida
não penetra e os significados legitimam cada uma de nossas cicatrizes, resplandecemos
em almejado conforto. É um espelho torto de nossa própria sociedade, afinal.
Beau Is Afraid (2023)
| Beau Tem Medo
Nota pessoal: 9 (excelente)
Comentário: Beau, interpretado por Joaquin Phoenix, vive em um mundo caótico, perigoso, imprevisível. Tudo parece potencializar seu ininterrupto pânico e suas mais diversas fobias. Após um sono conturbado, arruma-se em ocasião de visitar a mãe, em uma cidade distante, mas acaba perdendo as chaves do apartamento. O terceiro longa de Aster é uma superprodução – o maior investimento da produtora A24, com quase 3 horas de duração. Trata-se praticamente de uma odisseia dantesca, com uma série de absurdos em sequência, cada qual mais nonsense que o outro. Ficamos tão perdidos quanto o protagonista. Há um tipo peculiar de humor, que nos causa risos culposos, mas a atmosfera é tão deslocada da realidade, como se as piores probabilidades de cada acontecimento, “mínimas” no mundo real, “máximas” na metadiegese do longa, que a sensação dominante é a de ansiedade e terror psicológico. Por vezes, lembra muito o estilo surrealista de David Lynch, em especial no filme Império dos Sonhos (2006). Não espere um início, meio e fim convencionais, mas grandes blocos de sentido, por vezes abstratos, com set pieces esteticamente autônomos. Interpretações, há diversas. Muitas, envolvendo camadas psicanalíticas, tendo em vista a relação conturbada entre o subserviente Beau e sua “castradora” mãe, desde a infância. O que é real? O que está distorcido pela mente neurótica de Beau? Talvez nunca saberemos...
Filmografia
de Robert Eggers:
2022
– The Northman (O Homem do Norte)
2019
– The Lighthouse (O Farol)
2015
– The VVitch: A New-England Folktale (A
Bruxa)
Filmografia
de Jordan Peele:
2022
– Nope (Não! Não Olhe!)
2019
– Us (Nós)
2017
– Get Out (Corra!)
Filmografia
de Ari Aster:
2023
– Beau Is Afraid (Beau Tem Medo)
2019
– Midsommar (Midsommar:
O Mal Não Espera a Noite)
2018
– Hereditary (Hereditário)
¹ Homo Aestheticus: o valor da beleza na sociedade da imagem, de Douglas Jefferson. Página 24, §4.
“30 fatos sobre o genial diretor de A Bruxa, O Farol e O Homem do Norte (Robert Eggers)”, do canal Refúgio Cult, disponível no YouTube.
“Os Milagres Ruins de Jordan Peele em Não! Não Olhe”, do canal EntrePlanos, disponível no YouTube.
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