Últimas postagens

Post Top Ad

Your Ad Spot

domingo, 29 de agosto de 2021

RESENHA: Os sofrimentos do jovem Werther (Goethe)

Autor(a): Ester Silva


fonte: @mocaepoesiaoficial

Antes de mais nada, para ler Os sofrimentos do jovem Werther, é importante situar-se no contexto histórico do qual a obra faz parte. Por falar nisso, o livro faz jus ao ditado "sua fama o precede".  


Isto porque este traz consigo um (senão O) destaque do movimento romancista europeu, lá pelas bandas do séc. XVIII que, não diferente do Romantismo brasileiro, idealizava as emoções, o amor e sentimentalismo à flor da pele, e, claro, a mulher amada, idealizada, sonhada, tãooo ansiada pelo mocinho. Na época, Johann Wolfgang von Goethe arrebentou a boca do balão na prosa romântica com “Os sofrimentos do jovem Werther” e, dizem as línguas por aí, que a obra foi estopim ou algum tipo de incentivo a vários su1c1d10s, tendo em vista a receptividade da mesma entre muitos leitores arrebatados por alguma paixão abrasadora e infinda. Isto sem mencionar o seu final arrebatador.  


A obra é desenvolvida de uma forma peculiar, muito associada a romances, poesia, e ganha todo um teor simbólico e sentimental, já que envolve sensações que batem forte no peito, sejam elas tímidas, saudosas, expansivos ou odiosas. Ora, é um romance epistolar, em que Werther troca correspondências com seu amigo Guilherme, muito embora não tenhamos claras as respostas deste último, mas tudo bem, pois o protagonista é quem acaba por direcionar-nos às suas expectativas e idealizações. Afinal, o foco da narrativa é unilateral, apresentando-nos tudo através de Werther e suas emoções e perspectivas. 


Bom, seguindo a direção dos fatos, Werther tem questões de negócios a tratar, então viaja para uma cidadezinha, a fim de que possa tomar parte dos afazeres a respeito. Ele começa a enviar cartas para Guilherme contando como são as pessoas, o cenário, a natureza e etc, todo embebido pelas sensações de algum caixeiro viajante: 



Uma serenidade admirável domina minha alma inteira, semelhante à doce manhã primaveril que eu gozo de todo o coração. Estou tão só e minha vida é feita de alegrias por viver numa região que parece ter sido criada para almas como a minha. Estou tão feliz, meu amigo, tão mergulhado na sensação de minha calma existência (...) Quando a bruma do vale se levanta a minha volta, e o sol altaneiro descansa sobre a abóbada escura e impenetrável da minha floresta, e apenas alguns escassos raios deslizam até o fundo do santuário, ao passo em que eu, deitado no chão entre a relva alta, na encosta de um riacho, descubro no chão mil plantinhas desconhecidas...

Mas o tom poético de quem descansa no leito do nirvana com que Werther se expressa, toma um rumo diferente, deslumbrado e alvoroçado, quando conhece Carlota, uma jovem já comprometida com outro rapaz, vulgo Alberto. Daí em diante, escreve através de suas idealizações da moça: 


 

Um anjo! Arre! Mas isso qualquer um diz da sua, não é verdade? De qualquer forma, não sou capaz de dizer o quanto ela é perfeita, nem de onde vem sua perfeição. Basta dizer que ela dominou completamente o meu ser. 

Tanta candura com tanto espírito, tanta bondade com tanta firmeza! E paz de alma em meio a tanta vida real e tanta atividade! 


Tudo o que aqui digo a respeito dela não passa de palavreado inútil, vaga abstração, que não expressa sequer um só dos traços de seu semblante. Em outra ocasião, talvez... Não, nada de outra ocasião, vou contar-te tudo agora mesmo, se não o fizer agora, nunca mais será feito. Pois, cá entre nós, desde que comecei a escrever esta carta, por três vezes estive a ponto de deitar a pena e mandar arrear o cavalo para sair. Isso que jurei para mim mesmo hoje cedo não cavalgar até lá (...)


Assim, aos poucos, as coisas começam a se desenhar de forma mais sentimentalista, apaixonada (ou seria obsessiva e desnorteada?), pois Werther agora só tem Carlota nas pupilas e nas pontas dos dedos. Agora ele escreve a Guilherme, já expressando sentimentos por ela: 


Como eu me deleitava na contemplação de seus negros olhos durante esta conversa! Como seus lábios vermelhos e suas faces frescas e vivas cativavam minha alma inteira! Como, mergulhado no som esplendoroso de sua fala, às vezes nem sequer ouvia as palavras que ela proferia! Poderás ter ideia disso, tu que me conheces. Resumindo, quando paramos em frente à casa onde sucederia a festa, desci do coche como se estivesse sonhando... E tão perdido em sonhos eu estava no mundo crepuscular à minha volta, que mal percebia a música que chegava do salão iluminado ao nosso encontro.


E, claro, tal paixão vai tomando proporções extraordinárias coração afora... 


Desgraçado! Não serás um louco? Não te enganarás a ti próprio? O que é que esperas dessa paixão frenética e infinita? Não tenho mais outro culto que não ela; a minha imaginação apenas me mostra a sua fisionomia e, de tudo o que me rodeia no mundo, apenas distingo aquilo que com ela se relaciona. E isso me causa algumas horas de felicidade... Até que de novo sou forçado a fugir dela. Oh, Guilherme! Até onde o coração me leva! (...)


Que o toma feito escravo sem escolher o momento. Ou melhor, não se pode tomá-lo, visto que dele sequer saiu para um só fôlego na área externa das sensações: 



Em vão estendo meus braços para ela, de manhã, ao despertar de um penoso sonho; em vão à procuro à noite em minha cama, quando um devaneio feliz e puro me iludiu, quando julgava estar sentado ao lado dela na relva, e lhe pegava na mão cobrindo-a de mil beijos.  

Ah, quando, ainda meio tonto de sono, a procuro e a seguir desperto, uma torrente de lágrimas brota do meu coração e choro, desolado com o futuro sombrio a minha frente!


Mesmo tentando um distanciamento, Werther não consegue parar de nutrir um amor impossível por Carlota. E então o leitor continua a sofrer junto com o protagonista, e a imaginar que rumo esse triângulo amoroso (talvez formado por uma pessoa só, será?) terá um fim; isto independente dos sentimentos do mocinho em relação a Alberto – um ponto que vem a ser surpreendente –, pois estamos prontos para atacar este último, que viria a ser um ótimo antagonista do romance. Mas... e para Werther, Alberto é um inimigo? Ou melhor, um rival? 



Às vezes não posso compreender como um outro pode amá-la, permite-se amá-la, ousa amá-la, quando eu a amo de maneira única, tão profunda, tão plena; quando nada conheço, nada sei, nada tenho senão a ela!


Daqui pra frente não me atreverei a falar mais, a fim de que, quem ainda não leu e gosta de romances assim (ou mesmo quem não curte muito, mas quer ler, por ser um clássico), se pegar imaginando como tudo vai acabar!  

 

"Será que os sentimentos de Carlota por Werther são recíprocos?", "Será que ela desistirá de se casar com Alberto para ficar com Werther?", "Será que Werther atrairá o ódio de Alberto?", "Será que Guilherme vai ganhar alguma fala nessa história toda, além de ficar servindo de baldinho para as lágrimas doloridas de Werther??", "Será que tudo acabará bem, porque no pain, no gain??".  





Sexta, no Glob... Digo, descubra adquirindo a obra Os sofrimentos do jovem Werther, no site da @lepmeditores! Ganhe 30% de desconto utilizando o cupom MOÇA. 








Nenhum comentário:

Postar um comentário

Post Top Ad

Your Ad Spot

Páginas