6
de setembro de 2019
Douglas Jefferson, bacharel em Filosofia
fonte da imagem: grammy.com
Antonio Carlos Brasileiro de Almeida
Jobim ou, simplesmente, Tom Jobim: eis o maior expoente da música brasileira em
todos os tempos. Tom foi o cabeça-chave de um movimento que nasceu no Brasil,
cresceu, se popularizou, e ganhou o mundo através dos holofotes
norte-americanos. O “trio de ouro” da bossa nova mudou não só a história da
MPB, mas também a história da música. Tal trio fora composto pela
música/melodia de Tom Jobim, pela letra/poesia de Vinicius de Moraes e pela
voz/violão de João Gilberto. Sem eles, alguns dos nossos maiores músicos quiçá
nunca tivessem seguido carreira musical, como Gilberto Gil, Caetano Veloso,
Chico Buarque e Gal Costa. A influência de Tom e do movimento orbitado por ele
nos fins dos anos 50, adentrando os anos 60, foi tamanha que podemos dividir,
historicamente, nossa música em antes e depois da bossa nova. Por tudo isso, se
faz justificada a existência deste artigo, onde irei comentar brevemente a vida
e a arte de Jobim, suas influências, características, temas, e partir para
comentários individuais acerca de cada um dos seus discos.
Decidi incluir aqui apenas os trabalhos
onde Tom participou ativamente do processo de gravação (com ou sem coautoria no
espaço que compete ao artista principal de cada disco). Não incluí, portanto,
álbuns de artistas que se valeram de Tom apenas no que diz respeito às
composições, sem sua participação ativa no vocal ou na parte instrumental. Por
este motivo, não incluí os históricos discos de Silvia Telles, Elizeth Cardoso,
Lenita Bruno e João Gilberto. Também não incluí compilações de faixas
reutilizadas. O critério usado para as menções engloba as obras-solo do
artista, ou seja, começando em The Composer of Desafinado, Plays (1963),
seu disco de estreia, até chegar em Antonio Brasileiro (1994), seu
último trabalho. Também dei espaço para álbuns ao vivo e trilhas sonoras (seja
de cinema, série, teatro ou mesmo audiolivro), além de discos colaborativos,
como os clássicos duetos gravados com Elis Regina e Miúcha. Vale lembrar que
Tom não gravou pessoalmente todas suas composições, por isso, não estão
inclusas todas suas canções enquanto compositor. Para ter acesso à sua
musicografia, consulte o livro Antonio Carlos Jobim: Uma Biografia, de Sérgio
Cabral, fonte primordial deste presente artigo.
Tom “nasceu no dia 25 de janeiro de
1927, uma terça-feira, às 23h15 [...], na Tijuca” (CABRAL, p. 17-18). Uma
curiosidade: o parteiro de Tom fora o mesmo parteiro de Noel Rosa, nascido em
1910, outro grande compositor brasileiro. Filho de Nilza e Jorge Jobim,
escritor e diplomata falecido ainda na infância do filho, Tom cresceu em uma
época áurea para a capital carioca. Havia menos poluição, menos violência,
menos prédios. A natureza jazia imponente, nua, em seus traços e cores da mais
pura vivacidade. O jovem compositor nadava na lagoa Rodrigo de Freitas, jogava
bola na areia com seus amigos e aprendia música. Chegou a cursar, por bem pouco
tempo, Arquitetura. Porém, seguiu como pianista, tocando em bares na noite
carioca. Com Teresa, teve dois filhos: Paulo e Elizabeth. Com Ana, teve mais
dois: João Francisco e Maria Luiza.
Teve muitos professores/mestres, em especial, Radamés
Gnattali. Os parceiros artísticos também foram muitos. Cabe destacar alguns
nomes, que ajudaram Tom na composição de inúmeros clássicos: Vinicius de
Moraes, Newton Mendonça, Chico Buarque, Luiz Bonfá, Aloysio de Oliveira, Marino
Pinto e Billy Blanco. Destaco também os letristas que passaram muitas canções
jobinianas para o inglês, com uma certa liberdade criativa, auxiliando a disseminar
tais obras no meio internacional: Ray Gilbert, Gene Lees e Norman Gimbel.
Porém, mesmo tendo dividido o trabalho, muitas vezes, com esses grandes
letristas, Tom, embora tenha se consagrado como melodista, não letrista, compôs
sozinho alguns de seus maiores sucessos (CABRAL, p. 188), como Águas de
Março, Corcovado e Wave (Vou te Contar).
No que diz respeito à pessoa Antonio Carlos Jobim, o
maestro fora um ser humano ímpar. Literato, seu lar vivia recheado de livros,
em especial dicionários (tradicionais, bilíngues, de rima), Tom foi um
conhecedor apaixonado da flora e da fauna brasileira, com ênfase extraordinária
em pássaros. Sua musicografia carrega esse reflexo. Pode-se dizer que a
ecologia, enquanto preocupação com o meio ambiente, esteve enraizada em sua
pessoa desde jovem, muito antes do tema entrar em voga. Gostava de fazer jogos-de-palavras,
enigmas, que faziam sentido interno ou simplesmente não faziam sentido algum
(exemplo: “[Os franceses] não sabem que debaixo das folhas secas há uns
caracóis listrados e que grandes pedras estão lá vendo tudo”). Sobre as viagens
que fazia pelo mundo, em decorrência da demanda de shows (em suas últimas
décadas, na companhia de seu próprio conjunto musical, a Nova Banda), quase não
saia do apartamento. Gostava de ficar no quarto vendo TV, ao invés de exercer
turismo. No Rio, por outro lado, frequentava muitos restaurantes, onde se
encontrava com os amigos para beber, levando horas boêmias por boa parte da
vida. Outras de suas características são o sotaque tipicamente carioca, um
jeito maroto de falar; e, com mais idade, o uso de chapéus. Entre seus ídolos,
estavam o poeta Carlos Drummond de Andrade e o compositor erudito Heitor
Villa-Lobos. Tom conheceu ambos os gênios.
Entrando mais propriamente na arte jobiniana, podemos
dizer que, sendo um dos fundadores do movimento da bossa nova, Tom recebeu
influência do samba, do jazz e do impressionismo francês (vale destacar Claude
Debussy). Nas palavras do próprio: “Sem o impressionismo francês, a bossa nova
não teria sido o que foi” [i]. Na música clássica, a
influência de Villa-Lobos é inegável. Segundo Tom, Villa precisou “inventar” a
música brasileira, dando uma identidade, uma caracterização a ela. O mesmo fez
Tom. Sua música maravilhou o mundo e traduziu a brasilidade. Com a poesia de
Vinicius e o vocal e a batida de violão de João Gilberto, a bossa nova marcou
era. Surgia um ritmo romântico, carinhoso, com um toque lento, uma voz mansa,
quase sussurrada. Melodias e versos como ondas a nos transportar ao interior do
coração do poeta, onde habita a mulher amada, a praia, o mar e os passarinhos.
Amoroso, mas também, muitas vezes, melancólico, o balanço do ritmo de Tom traz
lembranças açucaradas, conjura imagens, um toque de humor e, acima de tudo,
humanidade. Chora de felicidade, assim como chora de tristeza. Navega por
Chopin e, como já citado, Debussy, e alcança mares de antigos sambas, a la
Ary Barroso, até se embriagar na liberdade e no improviso jazzístico.
Garota de Ipanema,
seu maior sucesso, em parceria com Vinicius, é a segunda canção mais tocada da
História. Perde apenas para Yesterday, dos Beatles.[ii] O
sucesso da bossa nova foi tanto (consta que começou a florescer em terras
estadunidenses, depois ganhando o mundo, após apresentação de músicos
brasileiros no Carnegie Hall) que influenciou essencialmente a mistura dos
grandes movimentos musicais pelas próximas décadas, ao redor do globo, chegando
às vozes lendárias de Frank Sinatra, que gravou dois álbuns com Jobim, e Ella Fitzgerald.
Tom realizou o que poucos artistas
alcançaram: dominou o erudito e o popular; sendo aclamado pela crítica e pelo
público. Compôs músicas clássicas e regeu orquestras, daí a alcunha de maestro,
embora tenha dedicado maior parte da vida às apresentações ao piano, ao violão
e cantando, mesmo não sendo o melhor intérprete vocal de suas próprias canções
(mais reconhecidas, muitas vezes, nas vozes de Elis, João Gilberto, Elizeth
Cardoso e afins). Por conta disso, montou a Nova Banda, composta por familiares
e amigos, que tocavam e cantavam em coro, auxiliando o vocal do mestre. Jobim e
a Nova Banda se apresentaram, lotando plateias, em várias capitais cosmopolitas,
de Nova Iorque, passando até mesmo por Jerusalém, e chegando à Tóquio, no
Japão.
Sem mais delongas, voilà o meu parecer acerca
de cada um dos discos, em ordem cronológica, deste grande compositor e artista
brasileiro.
ÁLBUNS SOLO:
Nota pessoal: 7,9
(muito bom)
Gênero: Jazz
latino; bossa nova. Gravadora: Verve.
1. "The Girl from Ipanema"
(+ Vinicius de Moraes, Norman Gimbel)
2. "Amor em Paz" ("Once I
Loved") (+ Vinicius de Moraes)
3. "Agua de Beber" (+ Vinicius
de Moraes, Norman Gimbel)
4. "Vivo Sonhando"
5. "O Morro Não Tem Vez" (+
Vinicius de Moraes)
6. "Insensatez" (+ Vinicius
de Moraes)
7. "Corcovado"
8. "One Note Samba" (+ Jon
Hendricks, Newton Mendonça)
9. "Meditation" (+ Norman
Gimbel, Newton Mendonça)
10. "Só Danço Samba" (+ Vinicius
de Moraes)
11. "Chega de Saudade" (+ Vinicius
de Moraes)
12. "Desafinado" (+ Newton
Mendonça)
Comentário: O primeiro álbum de estúdio assinado por
Tom Jobim – aqui, autor, não apenas colaborador – contém uma dúzia de
clássicos, todos instrumentais. No Brasil, o mesmo trabalho saiu com capa e
título (chamado “Antônio Carlos Jobim”)
diferentes. Abrindo o disco, temos “The
Girl from Ipanema”, composição em parceria com o poeta Vinícius de Moraes,
que contribui imensamente na maior parte do álbum. Outros clássicos, conhecidos
em todo o globo, não apenas no Brasil, compõem a obra, como Corcovado,
imortalizado na década de 70 na voz de Elis Regina, e Chega de Saudade, que
ganhou o mundo, anos antes, na voz de João Gilberto. Listado na quinquagésima
oitava posição, entre os 100 maiores discos da música brasileira, pela Rolling
Stone Brasil, o trabalho nos convida a meditar, relaxar e tamborilar os dedos.
Cada música traz algo novo, embora a percussão seja bem parecida em todas as
faixas. Só não dou uma nota mais alta, pois sinto falta, aqui, dos vocais, que
vão aparecer em outros discos do maestro.
The Wonderful World of Antonio Carlos
Jobim (1965)
Nota pessoal: 9,3
(excelente)
Gênero: Jazz
latino; bossa nova. Gravadora: Warner Bros.
1. "She's a Carioca" (+ Vinicius
de Moraes, Ray Gilbert)
2. "Água de Beber" ("Once
I Loved") (+ de Moraes, Gimbel)
3. "Surfboard"
4. "Useless Landscape" (+ Gilbert,
Aloísio de Oliveira)
5. "Só Tinha De Ser Com Você"
(+ Oliveira)
6. "A Felicidade" (+ de
Moraes)
7. "Bonita" (+ Gene Lees)
8. "Favela" (+ de Moraes)
9. "Valsa de Pôrto das Caixas"
10. "Samba do Avião"
11. "Por Toda a Minha Vida"
(+ de Moraes)
12. "Dindi" (+ Gilbert,
Oliveira)
Comentário: Neste segundo álbum “solo”, Tom Jobim
canta em inglês e em português, além de duas faixas instrumentais, Surfboard e Valsa de Pôrto das Caixas. Particularmente, gosto muito mais desse
trabalho, em relação ao primeiro, pois a letra – de uma poesia apaixonada, doce
e essencialmente carioca – traz elementos riquíssimos ao trabalho. Metade do
disco apresenta músicas cantadas pelo próprio Jobim, em português; outras
quatro canções, ele canta em inglês. Clássicos da MPB, como A Felicidade, nos brindam os ouvidos: “A
felicidade é a como a gota de orvalho numa pétala de flor / Brilha tranquila /
depois, de leve, oscila / e cai como uma lágrima de amor”. Versos que nos fazem
sorrir e viajar. Tom, aqui, nos leva pelo Rio de Janeiro, dentro de um avião,
sobrevoando o Cristo Redentor; nos convida a conhecer o morro da favela e a
morena, sua inspiração. Das canções cantadas em inglês, destaco Useless Landscape, versão de Inútil
Paisagem, eternizada por Elis Regina.
A Certain Mr.
Jobim (1967)
Nota pessoal: 8,4
(ótimo)
Gênero: Bossa nova.
Gravadora: Warner Bros.
1. "Bonita" (Antonio
Carlos Jobim, Gene Lees, Ray Gilbert)
2. "Se Todos Fossem Iguais a
Você" (Antonio Carlos Jobim, Vinicius de Moraes)
3. "Off-Key” (“Desafinado”)
(Antonio Carlos Jobim, Gene Lees, Newton Mendonça)
4. "Photograph" (Antonio
Carlos Jobim, Ray Gilbert)
5. "Surfboard"
6. "Outra Vez” (“Once Again”)
7. "I Was Just One More for You”
("Esperança Perdida") (Antonio Carlos Jobim, Billy Blanco, Ray
Gilbert)
8. "Estrada do Sol" (Antonio
Carlos Jobim, Dolores Duran)
9. "Por Causa de Você" (“Don’t
Ever Go Away”) (Antonio Carlos Jobim, Dolores Duran, Ray Gilbert)
10. "Zingaro"
Comentário: A
Certain Mr. Jobim se parece, sonoramente, com o álbum anterior, The Wonderful World of Antonio Carlos Jobim
(1965), porém, a atmosfera do disco, em razão das letras, é muito mais melancólica,
ao invés de priorizar a alegria do carioca. Metade das canções são cantadas em
inglês; a outra metade, se trata de músicas instrumentais. Algumas faixas, como
Bonita e Surfboard, também aparecem no último trabalho, mas, aqui, elas
ganham novas “roupagens”. Zingaro,
que encerra a obra, é uma versão não-cantada da clássica Retrato em Branco e Preto. Belíssima. No geral, mais um ótimo
trabalho do maestro; um trabalho que carrega suas características, pendendo à
uma poesia que flerta com a tristeza. Porém, no conjunto da obra, sinto que a
disposição das faixas, intercalando instrumentais, não é tão harmônica quanto
na obra anterior.
Wave (1967)
Nota pessoal: 8,0
(ótimo)
Gênero: Jazz latino.
Gravadora: A&M.
1. "Wave"
2. "The Red Blouse"
3. "Look to the Sky"
4. "Batidinha"
5. "Triste"
6. "Mojave"
7. "Diálogo"
8. "Lamento"
9. "Antigua"
10. "Captain Bacardi"
Comentário: O disco começa com a música que dá título
à obra, Wave. A canção,
posteriormente, se tornou uma das mais conhecidas da carreira de Jobim. Aqui,
ela aparece em sua versão de estreia, instrumental, como todo o álbum, com a
exceção da faixa Lamento, de uma poderosa
poesia: “Mulher amada / Destino meu / É madrugada / Sereno dos meus olhos já
correu”. Wave, mais conhecida na voz
de Daniel Jobim, neto de Tom, e Maria Luiza Jobim, sua filha, para a gravação
da trilha sonora da novela Páginas da
Vida (2006), traz um sentimento de liberdade, sossego, paz. É fácil ouvi-la
a imaginar o mar carioca, as ondas, sorrisos, amores e a noite. Todo o álbum é
de um jazz envolvente, aconchegante. Captain
Bacardi, a última faixa, é quase cômica, de um gingado divertido. No geral,
senti falta do vocal, das letras, que, como dito, só aparecem em Lamento, mas não deixa de ser um ótimo
trabalho.
Stone Flower (1970)
Nota pessoal: 9,1
(excelente)
Gênero: Jazz
latino; bossa nova. Gravadora: CTI.
1. "Tereza My Love"
2. “Children’s Games"
3. "Choro"
4. "Brazil" (Ary Barroso)
5. "Stone Flower"
6. "Amparo"
7. "Andorinha"
8. "God and the Devil in the Land of
the Sun"
9. "Sabiá"
10. "Brazil" [alternative
take]
Comentário: Instrumentalmente, um dos melhores, na
minha opinião. Os sons apresentados nos entregam um jazz de qualidade,
profundidade, riqueza de elementos, elegância. Há piano, violão, violino,
saxofone, trombone, flauta, etc. Particularmente, gostei muito de Stone Flower, faixa que nomeia o disco,
mesmo sendo um instrumental, como a maior parte da obra. A voz de Tom Jobim
aparece como de surpresa, cantando em Brazil,
versão da clássica Aquarela do Brasil,
de Ary Barroso, uma das canções mais célebres de nossa História; e em Sabiá, belíssima e premiada composição –
com letra de Chico Buarque, onde se narra uma espécie de exílio e saudade da
própria pátria (como uma nova Canção do
Exílio, do poeta Gonçalves Dias). O álbum, no todo, é uma obra primorosa e
visita tanto a alegria quanto a tristeza.
Tide (1970)
Nota pessoal: 7,4
(muito bom)
Gênero: Jazz
latino; bossa nova. Gravadora: A&M.
1. "The Girl from Ipanema"
(+ Vinicius de Moraes, Norman Gimbel)
2. "Carinhoso" (Pedro
Berrios, João de Barro, Pixinguinha)
3. "Tema Jazz"
4. "Sue Ann"
5. "Remember"
6. "Tide"
7. "Takatanga"
8. "Caribe"
9. "Rockanalia"
Comentário: Um disco integralmente instrumental.
Começa outra vez com The Girl from
Ipanema, então passa para uma versão de Carinhoso,
clássico eterno de Pixinguinha e João de Barro, composta ainda na primeira
metade do século passado. Em Tide,
relembramos algumas notas de Wave. Um
jazz de qualidade, alto-astral, que nos remonta ao Rio de Janeiro. Porém, me
parece ser, até aqui, o disco menos inovador do maestro. De todo o modo, vale
conhecer.
Matita Perê (1973)
Nota pessoal: 9,6
(excelente)
Gênero: MPB; jazz;
trilha sonora. Gravadora: Philips.
1. "Águas de Março"
2. "Ana Luiza"
3. "Matita Perê" (Tom
Jobim e Paulo César Pinheiro)
4. "Tempo do Mar"
5. "The Mantiqueira Range" (Paulo
Jobim)
6. "Crônica da Casa Assassinada"
(Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
a.
"Trem Para Cordisburgo"
b.
"Chora Coração"
c.
"Jardim Abandonado"
d.
"Milagre e Palhaços"
7. "Rancho nas Nuvens"
8. "Nuvens Douradas"
Comentário:
O título do disco menciona um pássaro das matas brasileiras, referência direta
ao Brasil. O mesmo trabalho possui uma edição estadunidense – chamada “Jobim” –, que possui uma capa
multicolorida ilustrada por Paulo Jobim e uma faixa bônus, Waters of March. Na primeira faixa, conhecemos uma das músicas mais
conhecidas da MPB, Águas de Março
(“São as águas de março fechando o verão / é a promessa de vida no teu
coração”). Aqui, ela é cantada por Tom em um vocal solo. A canção é primorosa,
de uma letra detalhada e bela. Matita Perê,
que dá nome ao disco, nos leva por uma longa viagem por campos de flores,
desertos negros e brejos; acompanhamos João, em fuga – ou sonho? – por entre
dias e noites. Tempo do Mar e Crônica da Casa Assassinada são trilhas
sonoras de documentário e filme, respectivamente. As três primeiras faixas têm
o canto de Jobim, assim como Chora
Coração, que compõe uma parte da sexta faixa. Diferentemente do último
trabalho, aqui, o maestro inova, foge do convencional, mergulha na poesia e na
música clássica, embora seus “traços” continuem inconfundíveis. Há um tom
cinematográfico, em alguns momentos. Um álbum magnífico e inesquecível. Até
agora, o melhor.
Urubu (1976)
Nota pessoal: 9,0
(excelente)
Gênero: MPB;
música erudita. Gravadora: Warner Bros.
1. "Bôto (Porpoise)" (Tom
Jobim, Jararaca)
2. "Ligia"
3. "Correnteza" (Tom
Jobim, Luiz Bonfá)
4. "Angela"
5. "Saudade do Brasil"
6. "Valse" (Paulo Jobim)
7. "Arquitetura de Morar
(Architecture to Live)"
8. "O Homem (Man)"
Comentário: Urubu
se inicia com quatro canções cantadas precedidas de quatro músicas clássicas.
Segundo João Bosco, em entrevista à Folha: “Tom faz aquela ponte, a ligação
entre a música popular com uma coisa mais sofisticada, quase formal. Se pegar
um disco feito "Urubu", vai
ver uma música popular já atravessando a fronteira que vai dar numa mais
erudita. Isso é algo muito enriquecedor”[iii].
Na primeira faixa, Bôto, um “baião
praieiro”[iv],
temos uma mistura de berimbau, flauta, piano e sons de pássaros – muito bem
referenciados na canção. No vocal de apoio, Miúcha, irmã de Chico Buarque e
grande colaboradora de Tom. Temos também duas “musas”, Lígia e Angela. Em Correnteza, temos mais um grande
clássico, regravado por muitos artistas: “A correnteza do rio vai levando
aquela flor / O meu bem já está dormindo / Zombando do meu amor”. Saudade do Brasil, assim como as faixas
seguintes, não tem letra, mas primam pela qualidade instrumental e pela
composição em si. Elas carregam uma dramaticidade que mais se aproxima da
linguagem cinematográfica do que do jazz latino dos primeiros trabalhos de Tom.
Terra Brasilis (1980)
Nota pessoal: 9,4
(excelente)
Gênero: Jazz
latino; bossa nova. Gravadora: Warner Bros.
Disco 1
1. "Dreamer (Vivo sonhando)"
2. "Canta mais" (Tom
Jobim, Vinicius de Moraes)
3. "Olha Maria (Amparo)"
(Chico Buarque, Vinicius de Moraes)
4. "Samba de uma nota só"
(Tom Jobim, Newton Mendonça)
5. "Dindi" (Tom Jobim,
Aloysio de Oliveira)
6. "Quiet nights (Corcovado)"
7. "Marina Del Rey"
8. "Off key (Desafinado)"
(Tom Jobim, Newton Mendonça)
9. "Você vai ver" (Tom
Jobim, Ana Jobim)
10. “Estrada do Sol” (Tom Jobim,
Dolores Duran)
Disco 2
11. "Garota de Ipanema"
(Tom Jobim, Vinicius de Moraes)
12. "Chovendo na Roseira"
13. “Triste”
14. “Wave”
15. “Se todos fossem iguais a você”
(Tom Jobim, Vinicius de Moraes)
16. “Falando de amor”
17. “Two kites (Thighs in the skies)”
18. “Modinha” (Tom Jobim, Vinicius de
Moraes)
19. “Sabiá” (Tom Jobim, Chico Buarque)
20. “Estrada Branca” (Tom Jobim,
Vinicius de Moraes)
Comentário: Dividido em dois discos, o álbum recria
clássicos de trabalhos anteriores e expõe novas canções, na voz de Tom. Oito,
das vinte faixas, são cantadas em português e seis em inglês, além de seis
instrumentais. A obra traz um Tom dono-de-si, com total domínio de seu
repertório, cantando e tocando livremente, com inspiração e alegria. Essa
alegria é sentida magnamente em Two Kites,
uma das melhores. Nela, temos a sensação de euforia que a paixão traz,
proporcionando um voo pela imaginação. Falando
de Amor, outro clássico insubstituível, é, segundo o próprio autor, uma
“música brasileira que chora e que ri, que ri e que chora”. Sua melodia, seu
balanço, carregam uma ternura ímpar. Garota
de Ipanema, o maior sucesso de Tom, aqui é cantada – e em português –, não
apenas instrumental, como nos discos solo passados, e com bastante uso de scat. Canta Mais nos convida, por um ambiente quase fantasmagórico, a
conhecer a beleza que há na melancolia. Outra surpresa boa é a faixa Você Vai Ver, onde Tom faz um dueto com
sua mulher, Ana Jobim. É uma delícia, a canção. No todo, o álbum duplo honra a
trajetória do compositor.
Passarim (1987)
Nota pessoal: 9,8
(excelente)
Gênero: MPB; bossa
nova. Gravadora: Verve.
1. "Passarim"
2. "Bebel"
3. "Borzeguim"
4. "Anos Dourados" (Tom
Jobim, Chico Buarque)
5. "Isabella" (Paulo
Jobim, Gil Goldstein)
6. "Fascinatin' Rhythm" (George
& Ira Gershwin)
7. "Chansong"
8. "Samba do Soho" (Paulo
Jobim, Ronaldo Bastos)
9. "Luiza"
10. “Brasil Nativo” (Danilo Caymmi,
Paulo César Pinheiro)
11. “Gabriela”
Comentário: De uma qualidade altíssima, seja em letra,
seja em ritmo, seja em canto, Passarim
premiou Jobim com seu primeiro disco de ouro (ou seja, vendeu mais de 100 mil
cópias). Neste disco, Tom e a Banda Nova, composta por amigos e membros da
família Jobim – que dividem os vocais –, exploram a brasilidade e a música. A
primeira faixa, Passarim, traz
parlendas e uma rica poesia: “Passarim quis pousar, não deu, voou / Porque o
tiro partiu, mas não pegou / Passarim me conta, então, me diz / Porque que eu também
não fui feliz?”. Em Borzeguim, temos uma
exaltação à proteção animal, aos pássaros, índios, à mata; Brasil Nativo homenageia nossa flora. Temos, no disco, quatro
canções dedicadas às musas jobinianas: Bebel,
inédita, Isabella, Luiza – quiçá, a música de mais poderosa
poética, de uma inspiração extasiante – e Gabriela,
tema à personagem de Jorge Amado. Fascinatin'
Rhythm, cover de George e Ira Gershwin, aqui, cantada em inglês por Tom,
ganha ares de bossa nova. Chico Buarque também marca presença, assumindo os
vocais em Anos Dourados. Todo o
conjunto do trabalho é riquíssimo, possuindo um som charmoso e repleto de
referências à nossa cultura.
Inédito (1987)
Nota pessoal: 8,8
(ótimo)
Gênero: Jazz
latino; bossa nova. Gravadora: Ariola.
Disco 1
1. "Wave (Vou te contar)"
2. "Chega de saudade" (Tom
Jobim, de Moraes)
3. "Sabiá" (Tom Jobim,
Chico Buarque, Norman Gimbel)
4. "Samba do avião"
5. "Garota de Ipanema" (Tom
Jobim, de Moraes)
6. "Retrato em branco e preto" (Tom
Jobim, Chico Buarque)
7. "Modinha (seresta nº 5)" (Heitor
Villa-Lobos/Manuel Bandeira)
8. "Modinha" (Tom Jobim,
de Moraes)
9. "Canta, canta mais" (Tom
Jobim, de Moraes)
10. “Eu não existo sem você” (Tom
Jobim, de Moraes)
11. “Por causa de você” (Tom Jobim,
Dolores Duran)
12. “Sucedeu assim” (Tom Jobim,
Marino Pinto)
Disco 2
13. "Imagina (valsa sentimental)"
(Tom Jobim, Chico Buarque)
14. "Eu sei que vou te amar"
(Tom Jobim, de Moraes)
15. “Canção do amor demais” (Tom
Jobim, de Moraes)
16. “Falando de amor”
17. “Inútil Paisagem” (Tom Jobim,
Aloysio de Oliveira)
18. “Derradeira Primavera” (Tom
Jobim, de Moraes)
19. “Canção em modo menor” (Tom
Jobim, de Moraes)
20. “Estrada do Sol” (Tom Jobim,
Dolores Duran)
21. “Águas de Março”
22. “Samba de uma nota só” (Tom
Jobim, Newton Mendonça)
23. “Desafinado” (Tom Jobim, Newton
Mendonça)
24. “A Felicidade” (Tom Jobim, de
Moraes)
Comentário: Gravado no mesmo ano que Passarim, Inédito comemora o sexagésimo aniversário de Tom, com os maiores
clássicos de sua carreira – regravados dessa vez com a sua Banda Nova –, além
de composições inéditas em seus álbuns solo. Gravado no conforto de sua casa,
no Rio, o trabalho dá bastante ênfase aos vocais da Banda Nova, a saber, Danilo
Caymmi, também flautista, e as garotas, Ana e Elizabeth Jobim, Paula, Maucha e
Simone. Há canções onde Tom assume a primeira voz; há canções onde os outros
integrantes da banda assumem a dianteira. Particularmente, gosto muito das
versões, aqui apresentadas, de Chega de
Saudade, eterna, Eu Não Existo Sem
Você, belíssima, Desafinado e Eu Sei Que Vou Te Amar, clássicos
irretocáveis. Há também uma canção (Modinha:
Seresta número 5) assinada por Heitor Villa-Lobos, e Manuel Bandeira,
grande poeta brasileiro. Outra peculiaridade: todas as faixas são cantadas em
português. O disco é uma boa pedida para se conhecer algumas das músicas mais
notáveis da carreira do compositor.
Antonio Brasileiro (1994)
Nota pessoal: 9,5 (excelente)
Gênero: Jazz
latino; bossa nova; samba. Gravadora: Sony.
Grammy (1996): Melhor
Álbum de Jazz Latino.
1. "Só Danço Samba"
2. "Piano na Mangueira"
3. "How Insensitive (Insensatez)"
(feat. Sting)
4. "Querida"
5. "Surfboard"
6. "Samba de Maria Luiza"
7. "Forever Green"
8. "Maracangalha" (Dorival
Caymmi)
9. "Maricotinha" (Dorival
Caymmi)
10. “Pato Preto”
11. “Meu Amigo Radamés”
12. “Blue Train (Trem Azul)” (Lô
Borges, Ronaldo Bastos)
13. “Radamés y Pelé”
14. “Chora Coração”
15. “Trem de Ferro” (Manuel Bandeira)
Comentário: Último álbum solo do maestro, que veio a
falecer no mesmo ano. Vencedor do Grammy e, outra vez, disco de ouro, Antonio Brasileiro é primoroso em
qualidade, graça, ritmos e instrumentais. Há uma aura de infância no disco. Em Samba de Maria Luiza, a própria Maria,
filha de Tom (de sete anos de idade), canta junto do pai em um dueto fofíssimo.
Há outras faixas com letras bem simples, de fácil cantoria. E que, por isso,
chegam às crianças, embora ainda contagiem os adultos. Trem de Ferro é outro exemplo de versos infantis, que foram
eternizados por Manuel Bandeira, e que, aqui, ganham os acordes e o talento de
Jobim e banda. Insensatez, cantada em
sua versão inglesa, traz o cantor Sting no primeiro vocal. Outro clássico que
retorna é Surfboard, instrumental que
traz a essência da bossa nova e esteve presente em alguns dos primeiros discos
de Tom. Boas surpresas foram Forever
Green, de um som elegante e letra que preza pela ecologia, como de costume
na carreira do compositor, e Blue Train,
suave, com uma atmosfera de paz e imensidão. Um dos melhores discos do músico,
sem dúvida.
ÁLBUNS AO VIVO & TRILHAS SONORAS:
Orfeu da Conceição (1956)
“Com Vinicius de Moraes / trilha sonora de peça”
Nota pessoal: 8,0 (ótimo)
Gênero: MPB; samba. Gravadora: Odeon.
1. "Overture"
2. “Monólogo de Orfeu”
3. “Um nome de mulher”
4. “Se todos fossem iguais a você”
5. “Mulher, sempre mulher”
6. “Eu e o meu amor”
7. “Lamento no morro”
Comentário: Gravado como trilha sonora para a peça homônima de Vinicius, uma adaptação do mito de Orfeu para a favela, o disco marca o início de uma parceria lendária entre o maestro Antônio Carlos Jobim e o poeta e diplomata Vinicius de Moraes. Clássicos celebrados e regravados até hoje nasceram aqui, como Se Todos Fossem Iguais a Você. Há também Lamento no Morro, gravada por Jobim em Wave, no ano de 1967. Em Monólogo de Orfeu, o próprio Vinicius declama o texto, com uma flauta ao fundo. Nas demais canções, além do coro, o vocal é assumido por Roberto Paiva. Luiz Bonfá, por sua vez, faz participação no violão. Timidamente, Tom ganhava as alturas.
O Pequeno Príncipe (1957)
“Trilha sonora de audiolivro”
Nota pessoal: 8,5 (ótimo)
Gênero: Trilha sonora. Gravadora: Festa.
1. "O Pequeno Príncipe"
Comentário: Audiolivro do clássico de Antoine de Saint-Exupéry, publicado pela primeira vez em 1943. Tom, ainda bem jovem, trabalhou na composição da trilha sonora do projeto, produzindo harmonias de mistério e fantasia, o que se encaixou perfeitamente com a proposta da história. A proximidade de Jobim com a música erudita vem de bem cedo, sendo que, ainda na mesma década, o próprio chegou a conhecer pessoalmente o grande compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos, que influenciou profundamente a sua obra. Em O Pequeno Príncipe, na voz de Paulo Autran, Jobim começa a ganhar experiência na composição de trilhas, algo que se repetiu algumas vezes em sua trajetória.
Orfeu Negro (1959)
“Com Luiz Bonfá / trilha sonora de filme”
Nota pessoal: 7,8 (muito bom)
Gênero: Trilha sonora; samba; MPB. Gravadora: Verve.
1. "Générique" (Traditional)
2. "A Felicidade" (Tom Jobim, de Moraes, André Salvet / vocal: Agostinho dos Santos)
3. "Frevo" (Tom Jobim, Egberto Gismonti)
4. "O Nosso Amor" [1:10]
5. "O Nosso Amor" [4:16]
6. "Manhã de Carnaval" (Luiz Bonfá, 3:04 / vocal: Agostinho dos Santos)
7. "Scene Du Lever Du Soleil"
8. "Manhã de Carnaval" (Luiz Bonfá, Antônio Maria, 1:32)
9. "Scenes de la Macumba"
10. "O Nosso Amor" [7:36]
11. "Manhã de Carnaval" (Luiz Bonfá, 2:57)
12. "Samba de Orfeo" (Luiz Bonfá, Antônio Maria)
13. "Batterie de Cappela"
14. "Bola Sete Medley: Manhã De Carnaval/A Felicidade/Samba De Orfeo" (Tom Jobim, Luiz Bonfá)[v]
Comentário: Trilha sonora, assinada por Tom e
Luiz Bonfá, do filme Orfeu Negro, dirigido por Marcel Camus e adaptado da peça
Orfeu da Conceição, de Vinicius de Moraes. O filme recebeu, em 1960, o Oscar de
melhor filme estrangeiro e ajudou a formar a imagem do Brasil no exterior. Na
trilha, Tom e Bonfá reúnem uma série de sambas. No início, como pano de fundo,
há um som constante de crianças, cachorros e ambiente de comunidade, o que dá a
sensação de estarmos presenciando as músicas em um lugar movimentado,
ambientado no filme, e não em um estúdio. Em A Felicidade, clássico de Jobim, temos o vocal de Agostinho dos
Santos, bem como na faixa 6, uma das versões de Manhã de Carnaval. Há
também um frevo e batuques de cultura de matriz-africana. No fim, uma longa,
agitada e divertida faixa, de treze minutos, com um medley de canções do
disco. Enquanto trilha de filme, o trabalho transmite o que deveria, apesar da
constante repetição.
The Adventurers (1970)
“Trilha sonora de filme”
Nota pessoal: 8,9 (ótimo)
Gênero: Trilha sonora; música erudita; jazz latino. Gravadora: Paramount Records.
1. "Main Title"
2. "Children's Games”
3. "Rome Montage”
4. "Bolero”
5. "Dax Rides”
6. "Dax & Amparo (Love Theme)”
7. "Corteguay”
8. "The Long Trek”
9. "Search For Amparo”
10. "That Old Black Magic”
11. "Bitter Victory”
12. "El Lobo's Band”
13. "A Bed Of Flowers For Sue Ann”
Comentário: Trilha sonora do filme The Adventurers (no Brasil: O Mundo dos Aventureiros), de 1970. A trama é baseada no livro de Harold Robbins. Na trilha, assinada por Jobim, temos belas faixas, que carregam a essência da musicalidade de Tom. O maestro compôs temas românticos, de suspense e aventura. As melodias são gostosas, suaves em muitos momentos, e que “grudam na cabeça”. Particularmente, gostei bastante de Corteguay, com sua vibe tropical, seu toque de piano e sua flauta. Dax & Amparo (Love Theme) também é muito boa e fica gravada facilmente na mente. Em Children’s Games, uma surpresa: temos aqui a primeira versão, ainda instrumental, de um clássico da carreira de Tom, a saber, Chovendo na Roseira.
Tom, Vinicius, Toquinho, Miúcha (1977)
“Com Vinicius de Moraes, Toquinho e Miúcha / ao vivo”
Nota pessoal: 9,8 (excelente)
Gênero: Ao vivo; MPB; samba; bossa nova. Gravadora: Som Livre.
1. "Estamos aí / Dia da criação / Tarde em Itapuã” (Toquinho/Vinicius de Moraes)
2. "Carta ao Tom / Carta do Tom” (Toquinho / Vinicius de Moraes / Chico Buarque / Tom Jobim)
3. "Corcovado"
4. "Wave"
5. "Pela luz dos olhos teus” (Vinicius de Moraes)
6. "Saia do caminho"
7. "Samba pra Vinicius / Vai levando” (Chico Buarque/Caetano Veloso)
8. "Água de beber / Garota de Ipanema / Sei Lá” (Toquinho/Vinicius de Moraes)
9. "Minha Namorada” (Carlos Lyra/Vinicius de Moraes)
10. "Chega de saudade / Se todos fossem iguais a você"
Comentário: Show histórico, gravado no Canecão, Rio de Janeiro. As quatro vozes ressoam, combinam, brilham singularmente e festejam. Tom, Vinícius, Toquinho e Miúcha parecem se divertir. Em Dia da Criação, Vinicius declama sua poesia e então parte para a deliciosa Tarde em Itapuã, dele e de Toquinho. Em seguida, uma divertida canção, Carta ao Tom, uma homenagem dos amigos ao maestro, precedida do próprio Tom a cantar Carta do Tom. O público ao fundo, rindo e aplaudindo, dá uma graça especial ao disco, que inclui clássicos como Garota de Ipanema, Chega de Saudade e Wave, além das inesquecíveis Pela Luz Dos Olhos Teus e Sei Lá, recém-lançadas, na época, pelas vozes de Jobim e Miúcha. Resumindo: uma grande festa, que celebra a música popular brasileira.
Gabriela (1983)
“Trilha sonora de filme”
Nota pessoal: 9,2 (excelente)
Gênero: Trilha sonora; MPB. Gravadora: RCA.
1. "Chegada dos retirantes"
2. "Tema de amor de Gabriela"
3. "Pulando carniça"
4. "Pensando na vida"
5. "Casório"
6. "Origens"
7. "Ataque dos jagunços"
8. "Caminho da mata"
9. "Ilhéus"
10. "Tema de amor de Gabriela (versão completa)"
Comentário: Trilha sonora original do filme dirigido por Bruno Barreto, baseado na obra de Jorge Amado e estrelado por Sônia Braga e Marcello Mastroianni, um dos maiores atores italianos de todos os tempos. O disco ficou conhecido devido ao tema principal, na voz de Gal Costa, mas há outras composições de Tom, que canta, ele próprio, em algumas faixas, como em Casório: “Se ainda sobrasse um dinheiro / Podia comprar-te um vestido / E mais um vidrinho de cheiro / Contar-te um segredo no ouvido”. A maioria das músicas faz referência ao tema principal. Há também faixas instrumentais, como Ataque dos Jagunços, que evoca a ação por meio de um som abrasileirado. O álbum se coloca como um dos melhores trabalhos de Tom enquanto compositor de trilha sonora, em especial, cinematográfica.
O Tempo e o Vento (1985)
“Trilha sonora de minissérie”
Nota pessoal: 8,2 (ótimo)
Gênero: Trilha sonora; música erudita; música tradicional; MPB. Gravadora: Som Livre.
1. "Introdução"
2. “O Tempo e o Vento (Passarim)"
3. "Chanson pour Michelle"
4. "Rodrigo, meu capitão"
5. "Um certo capitão Rodrigo"
6. "Minuano" (Sadi Cardoso)
7. "O Tempo e o Vento (Passarim)"
8. "Bangzália"
9. "Senhora dona Bibiana" (XXX)
10. "Querência - Boi Barroso" (Domínio Público - adaptação de Tasso Bangel)
11. "O Tempo e o Vento (Passarim)”
Comentário: Produzido como trilha sonora da minissérie O Tempo e o Vento, da Rede Globo, inspirada em obra de Érico Veríssimo, o disco nos apresenta Passarim, canção de Tom que veio a encabeçar um álbum solo do compositor em 1987. Aqui, ela aparece em três versões, incluindo a instrumental, que serviu de tema principal da obra televisiva. Dentre as faixas, podemos encontrar músicas cantadas pelo próprio Tom, como em Introdução, por vocais masculinos, entre eles, Zé Renato, femininos ou apenas instrumentos, como ocorre em Chanson pour Michelle, bela peça ao piano, e Bangzália, tema de ação e suspense. Há também referências à cultura gaúcha, onde se passa a trama.
Rio Revisited (1987)
“Com Gal Costa / ao vivo”
Nota pessoal: 8,9 (ótimo)
Gênero: Ao vivo; MPB; bossa nova. Gravadora: Polygram.
1. "Samba de Uma Nota Só (One Note Samba)" (Tom Jobim/Newton Mendonça/Jon Hendricks)
2. "Desafinado" (Tom Jobim/Newton Mendonça)
3. "Água de Beber" (Tom Jobim/Vinicius de Moraes)
4. "Dindi" (Tom Jobim/Aloysio de Oliveira)
5. "Wave"
6. "Chega de Saudade" (Tom Jobim/Vinicius de Moraes)
7. "Two Kites"
8. "Samba do Soho" (Paulo Jobim/Ronaldo Bastos)
9. "Sabiá" (Tom Jobim/Chico Buarque)
10. "Samba do Avião"
11. "Águas de Março"
12. "Corcovado"
Comentário: Gravado em Los Angeles, Califórnia, este show de Tom Jobim e Banda Nova conta com a participação especial de Gal Costa, que assume os vocais principais em três canções, Dindi, onde ela realiza uma performance extraordinária, lindíssima, Wave, cantada em inglês, e Corcovado, clássico que encerra o disco. A voz de Gal Costa traz uma beleza ímpar à obra. De resto, temos um show convencional de Jobim, que canta em dois idiomas, português e inglês, músicas de toda sua carreira até então, de Chega de Saudade à Samba do Soho, de seu filho, Paulo.
Tom Canta Vinicius (2000)
“Ao vivo”
Nota pessoal: 9,0 (excelente)
Gênero: Ao vivo; MPB; bossa nova. Gravadora: Universal.
1. "Soneto de separação"
2. "Valsa de Eurídice"
3. "Serenata do Adeus"
4. "Medo de Amar"
5. "Insensatez"
6. "Poética"
7. "Eu não existo sem você"
8. "Derradeira primavera"
9. "Modinha"
10. "Eu sei que vou te amar"
11. "Carta ao Tom / Carta do Tom"
12. "A felicidade"
13. "Você e Eu"
14. "Samba do Carioca"
15. "Ela é carioca"
16. "Garota de Ipanema"
17. "Pela luz dos olhos teus"
Comentário: Gravado em 1990 para homenagear Vinicius de Moraes, em seu décimo aniversário de morte, este show só foi publicado em disco no ano de 2000. Nele, Tom recita versos do amigo, conversa com a plateia, sempre em menção ao poeta, e divide os vocais com Paula e Danilo, de sua Banda Nova. Todas as composições são ou de Vinicius, unicamente, ou de Vinicius com Tom, Toquinho ou Carlos Lyra. Percebe-se a emoção, o orgulho de Jobim ao homenagear o grande amigo, cuja parceria originou alguns dos maiores clássicos da História da música popular brasileira. O show termina com Pela Luz Dos Olhos Teus, que, de acordo com Tom, é uma “valsinha que tem um sabor meio parisiense”.
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