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terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

STEVEN SPIELBERG: comentando a filmografia completa

 

Análise e comentários:

FILMOGRAFIA DE STEVEN SPIELBERG


17 de fevereiro de 2018
Atualizado em 7 de março de 2023
Douglas Jefferson, bacharel em Filosofia

 fonte da imagem: newstatesman.com

        Steven Spielberg é, hoje, considerado um dos maiores cineastas da História. Talvez – muito provavelmente, é verdade –, seu nome se enquadre como sendo o mais popular do mundo, no que se refere ao campo cinematográfico; o que o torna amado por muitos, mas também desprezado por tantos. A quebra de paradigmas que seu trabalho causou em Hollywood, a influência de seu estilo e seus filmes clássicos, que permeiam a cultura popular há décadas, as questões humanísticas, filosóficas e históricas que seus filmes sustentam, dentre outros motivos, são base de sobra para tê-lo como fonte de análise, comentário, estudo ou mesmo pura contemplação.

            Neste artigo, iremos percorrer os traços que definem a arte de direção e os valores presentes na obra de Spielberg, o que abrirá margem para um olhar mais atento e uma reflexão mais aguçada do público perante seus trabalhos.

            Além de destacar as principais características, pretendo também dar pareceres e notas (de 0 a 10) sobre cada um de seus longas-metragens. As exceções são os filmes amadores que o diretor realizou ainda na infância e adolescência (The Last Gun, de 1959, Fighter Squad e Escape to Nowhere, de 1961, e o sci-fi que deu origem ao clássico Contatos Imediatos do Terceiro Grau, Firelight, de 1964) e outros projetos, como o curta-metragem que lhe valeu a contratação por um grande estúdio hollywoodiano e mudou sua vida, Amblin', de 1968, cujo nome acabou servindo de título para sua produtora, mais de década mais tarde. Para aumentar o leque referencial, também deixarei aqui as notas que cada um dos trabalhos recebeu de alguns sites especializados em cinema, como o Rotten Tomatoes, o IMDb, o Metacritic e o Filmow, lembrando que essas avaliações podem se alterar ao longo do tempo devido aos novos pareceres de críticos e espectadores.

Para conhecermos melhor o estilo e a arte de direção de Steven Spielberg, devemos lembrar primeiramente qual é a função de um diretor: ele é o responsável por ordenar sua equipe, de modo a direcioná-la aos propósitos e objetivos do projeto; escolher cada elemento, seja visual, sonoro ou cênico, podendo, inclusive, dar graus de autonomia aos envolvidos. Dito isso, fica claro que o mérito artístico de uma produção cinematográfica não se resume à direção, mas se estende às centenas, milhares de pessoas envolvidas. O diretor, aqui no caso, o Steven, dá um “norte”, sua visão para o projeto, então seus encarregados formatam suas especialidades artísticas e técnicas de modo a servir o propósito apresentado. Sem os instrumentistas, de nada serve o maestro. E que “instrumentistas” Spielberg tem em sua “orquestra”! Tom Hanks, vencedor do Oscar de melhor ator duas vezes, trabalhou com Spielberg em cinco filmes [até agora]; Daniel Day-Lewis, em Lincoln, e Meryl Streep, em The Post: os dois maiores atores em atividade nos Estados Unidos; Michael Kahn, premiado editor/montador; Janusz Kamiński, célebre diretor de fotografia; isso sem falar do lendário compositor John Williams, indicado ao Oscar mais de 50 vezes – você não entendeu errado –, parceiro de Steven há quase 50 anos. E onde fica o talento do próprio diretor no meio desses gigantes? Isso a gente percebe no conjunto da obra, na maneira em que determinada história é contada, nas escolhas bem-sucedidas, na valorização de determinados elementos. Enquanto um pintor escolhe a cor mais adequada para pincelar um espaço, o diretor determina em quais planos, enquadramentos, ângulos e distâncias sua câmera deve seguir para comunicar sua ideia da forma mais proveitosa possível. Enquanto um pintor reforça o contraste de um objeto na tela para dar-lhe relevância, o diretor incita o grau de intensidade dramática na atuação de seu protagonista, dando peso ao que ele está querendo transmitir na cena. Não é um trabalho fácil, muito menos individual. Exige o empenho e a colaboração de todos os envolvidos.

Depois de meio século de filmes, podemos perceber algumas características na direção de Steven Spielberg. Ele evoluiu com o passar das décadas, amadureceu, dominou gêneros distintos – e até opostos –, mas nunca deixou de buscar o principal: envolver o público. Spielberg quer, através de seus filmes, nos fazer emocionar, pensar, ponderar. Ele consegue criar laços sentimentais entre seus personagens, na tela, e aqueles que estão consumindo passivamente a obra. Seu dom de causar estados emocionais, como compaixão, angústia, aflição, ternura ou medo, o diferencia de tantos outros. Seu estilo costuma ser definido como otimista e espetacular, no roteiro e nos efeitos-especiais, mas creio que o ecletismo seja sua maior virtude, visto que o diretor consegue trabalhar – e mandar muito bem – com materiais de naturezas completamente diversas. Certos diretores podem até, cada um, possuir um traço inconfundível, mas Spielberg consegue manter vários traços, do mais cru, realista e histórico ao mais fantasioso e colorido.

 Admirador do mestre do suspense, Alfred Hitchcock, ele conseguiu trazer para os seus filmes aquele toque de tensão que nos gruda na poltrona, aperta o peito e ativa nossa curiosidade, reforçando o interesse na história. Poderíamos destacar várias cenas de Tubarão (1975), mas essa tensão também pode ser vista, por exemplo, na prevenção por um triz do primeiro crime mostrado em Minority Report (2002); no vidro trincando, após um ataque de dois Tiranossauros, em O Mundo Perdido: Jurassic Park (1997); na cena em que Celie, interpretada pela Whoopi Goldberg em A Cor Púrpura (1985), está a barbear seu “senhor”, vivido pelo Danny Glover. O mesmo pode ser sentido no excelente Munique (2005), na “cena do telefone-explosivo”, ou na obra-prima A Lista de Schindler (1993), enquanto as mulheres judias, no campo de concentração nazista, se agrupam, desesperadas, numa câmara (de gás mortífero ou água gelada?). Da tensão para a ansiedade, o diretor consegue nos prender ainda em momentos que antecedem uma revelação importante para o roteiro, como quando Katharine Graham, interpretada brilhantemente pela Meryl Streep, está a tomar a decisão-chave sobre o posicionamento de seu jornal, em The Post (2017), ou puramente estética, como acontece em Jurassic Park (1993), na reação do paleontólogo Alan Grant ao contemplar, pela primeira vez, os dinossauros da ilha (observe que, nesta cena, nós primeiro temos acesso às feições do elenco a observar as criaturas para, somente depois, nós também podermos vê-las; o que caracteriza outra “mania” do diretor, presente em vários trabalhos).

No início, seus filmes tendiam à superficialidade, mesmo que muito bem-feita, e exploravam a fantasia e a situação fantástica, tendo, nessa época, fama de “diretor comercial”. Esse tato para o sucesso financeiro através do cinema continua até hoje, mas constitui um ramo distinto (e, por vezes, conjunto) de seus “filmes mais densos”. Foi Spielberg que instaurou na indústria o que conhecemos por blockbusters, filmes com apelo comercial gigantesco, com recordes de bilheteria e efeitos-especiais deslumbrantes. Tubarão foi o primeiro filme arrasa-quarteirão da História, tendo sido, em sua época, o mais lucrativo de todos os tempos; sucesso que se repetiu, também batendo o topo na lista de maiores bilheterias, com E.T. - O Extraterrestre (1982), e Jurassic Park (1993). Porém, para aquele que é considerado um dos maiores gênios do cinema, isso não fora o bastante. Spielberg trabalhou duro para dominar gêneros mais sérios, menos fantasiosos, e conseguiu êxito invejável em tal empreitada. Sucesso de público e crítica, Steven, bilionário, conquistou sua autonomia. Se ele quer contar determinada história, ele conta. Não depende mais de produtores (ele próprio se tornou produtor). Por isso, podemos entender que, ao assistirmos os filmes que ele dirigiu nessas últimas décadas, podemos conhecer a pessoa Spielberg. Seus valores, ideais, crenças, dúvidas, inseguranças, traumas, sonhos: tudo, ali, contado por imagens e sons.

Os temas de seus longas conseguem versar desde contos-de-fadas à dramas históricos. Trama recorrente em grande parte de sua produção gira em torno da relação conturbada entre pai e filho, reflexos da própria relação do diretor com seu pai, divorciado e, por isso, muitas vezes ausente. Podemos encontrar, de forma clara, essa ausência ou turbulência paternal em: Louca Escapada (1974), Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977), E.T. - O Extraterrestre (1982), A Cor Púrpura (1985), Indiana Jones e a Última Cruzada (1989), Hook - A Volta do Capitão Gancho (1991), O Mundo Perdido: Jurassic Park (1997), Munique (2005), Guerra dos Mundos (2005), Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008) e Lincoln (2012). Para além da relação paternal, encontramos também o tema da desestruturação do núcleo familiar, seja em alguns destes filmes citados anteriormente, como também em Império do Sol (1987), O Resgate do Soldado Ryan (1998), A.I. Inteligência Artificial (2001), Prenda-me Se For Capaz (2002), Minority Report (2002), O Bom Gigante Amigo (2016) e Os Fabelmans (2022). Por mais surreais ou apocalípticos sejam os roteiros desses filmes, a importância da relação familiar é sempre reforçada.

Monstros, malignos ou benevolentes, também vivem dando as caras nos filmes do Spielberg. O primeiro deles foi um caminhão monstruoso (tão desumano que o rosto humano por trás do volante nem sequer é mostrado) em Encurralado (1971), tão bom que, embora tenha sido feito primeiramente para a TV, migrou para os cinemas. Tubarões, dinossauros, alienígenas (muitos alienígenas) e gigantes, bons e maus. Seus filmes materializaram sonhos e pesadelos de milhões de pessoas ao redor do mundo. E a tecnologia acompanhou essas ambições, seja no Tiranossauro mecânico, em tamanho real, ou no mundo computadorizado de As Aventuras de Tintim: O Segredo do Licorne (2011) e expressões faciais digitalizadas em O Bom Gigante Amigo (2016).

A sensibilidade do diretor procurou tratar também questões delicadas – e polêmicas, em alguns casos –, como o racismo presente em A Cor Púrpura (1985) e Amistad (1997) e conflitos envolvendo a comunidade judaica no papel de vítima, tal como é mostrado em A Lista de Schindler (1993) e Munique (2005).

Cenários e eventos históricos, especialmente dos Estados Unidos, frequentemente aparecem no contexto das obras de Steven. A Guerra Civil Americana e a era escravagista, a I e a II Guerras Mundiais – pormenorizadamente, o Holocausto – e a Guerra Fria são cenários sentidos em sua filmografia. Pelo menos cinco de seus filmes se ambientam na Segunda Grande Guerra (e, ao menos um, na primeira: Cavalo de Guerra, de 2011). A sequência da invasão dos soldados norte-americanos na praia de Omaha, Dia D, em O Resgate do Soldado Ryan (1998), é uma das mais bem-executadas de todos os tempos. A ação intensa, e assustadoramente realista, dura mais de 20 minutos, sendo um espetáculo de som, fotografia e direção. Os retratos do Holocausto em A Lista de Schindler (1993) também chocam pelo realismo. Além das guerras, Spielberg, cada vez mais, tem inserido fatos históricos como fonte de inspiração aos seus projetos; isso, desde Louca Escapada (1974), no início de sua carreira. O valor da Justiça também é exaltado. The Post (2017), Ponte de Espiões (2015), Lincoln (2012) e Amistad (1997), todos ambientados em contextos históricos, são sobre Estado de Direito. Temos acesso aos valores por trás de cada um dos grupos interessados e opostos diante de uma decisão judicial. A liberdade de imprensa versus o poder político; o clamor nacional ideológico versus os direitos de um espião internacional de ideologia distinta; os privilégios da manutenção do escravagismo enquanto lei versus o direito à liberdade dos negros.

No início dos anos 2000, Spielberg, talvez motivado pela consciência da chegada do novo milênio, investiu em produções que retratavam o futuro. Com isso, também abriu um leque para o tema do terrorismo, tão atual em nosso século e tão mais temido dentro da cultura estadunidense desde os ataques de 11 de setembro de 2001. Em A.I. Inteligência Artificial (2001) e Minority Report (2002), ambos dentro de roteiros futurísticos, o diretor nos coloca questões profundamente filosóficas e desconcertantes. Em Munique (2005) e Guerra dos Mundos (2005), somos imersos na questão do terrorismo, seja através da realidade, seja pela via da ficção e da ação desenfreada.

Tecnicamente, as obras cinematográficas do diretor mantêm certas semelhanças. O clássico close-up em zoom, partindo do cenário para o rosto do personagem em ação, mostra detalhadamente as expressões – como o “olhar de espanto” – que a situação denota. Este peso de valor na atuação facial é visto em muitas de suas obras e ajuda a contar a história através das entrelinhas, daquilo que a vivência fictícia de cada personagem, não mostrada diretamente, ajuda a enredar. Deste modo, conhecemos um pouco de cada pessoa ali representada ou criada, mesmo que a camada primeira da trama não nos entregue essas informações, enriquecendo a obra. Pelos olhos de Oskar Schindler, por exemplo, nós conseguimos entender suas razões antes de qualquer elucidação. O diretor também costuma não usar storyboards em seus filmes, preferindo decidir o posicionamento das câmeras no próprio set de filmagem, o que desperta sua criatividade intuitiva para cada cena. Outra característica técnica de seus filmes é o peso da iluminação. Com o auxílio do diretor de fotografia, a luz nos filmes do Spielberg normalmente desempenha um papel estético fundamental. Flashes, lampejos, contrastes, tudo com um propósito bem específico. Em E.T. - O Extraterrestre (1982), o contraste da luz lunar contra a “bicicleta voadora” criou uma das cenas mais icônicas do cinema; em Lincoln (2012), a luz natural a entrar pelas janelas trouxe ao filme um ar contemplativo e realista. Para efeito estético mais eficaz, a fonte dessa luz habitualmente é inserida contra os personagens, na parte de trás do cenário. Perceba. Há também, em maior parte de seus filmes, a utilização de espelhos e objetos reflexíveis menos nítidos, o que possibilita mostrar dois planos simultaneamente. Outra técnica utilizada, dessa vez para causar suspense e impacto, é a ocultação de certos elementos principais da trama, como o tubarão em Tubarão (1975), onde o monstro marinho, essencial na narrativa, é mostrado, de fato, poucas vezes. Para preencher essa lacuna, Spielberg pôde contar com a genialidade do maestro John Williams. Williams inseriu a inconfundível trilha sonora para denotar a presença – e consequentemente, o aumento no grau de perigo – do tubarão, mesmo sem mostra-lo visualmente. Sem John Williams, muitas das maiores e mais icônicas cenas da filmografia de Spielberg não teriam o mesmo peso. Basta lembrar dos temas de Indiana Jones, Jurassic Park, E.T. ou mesmo da comovente e belíssima trilha d’A Lista de Schindler. Se Hitchcock tinha Bernard Herrmann e Christopher Nolan tem Hans Zimmer, outros monstros sagrados da história da trilha sonora cinematográfica, Spielberg tem Williams, o maior, o mais premiado compositor para cinema de todos os tempos. Uma genialidade sonora que, aliada à mente intuitiva e poderosa de Steven Spielberg, nos deu o privilégio de brindar nossos tímpanos com uma qualidade raramente sentida.

Destarte, lhes apresento o meu parecer acerca de cada um dos 37 filmes, do pior ao melhor, deste gênio da sétima arte. Apreciem com contemplação.


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Something Evil (1972) | A Força do Mal (telefilme)

Nota pessoal: 5,8 (regular)

Rotten Tomatoes: - | IMDb: 5,4/10 | Metacritic: - | Filmow: 2.8/5

 

Comentário: Um casal, com seus dois filhos, muda-se para uma casa rural, onde eventos estranhos passarão a assolar a esposa. Este segundo telefilme de Spielberg não se compara, em qualidade, às suas obras mais maduras, mas possui alguns méritos. O diretor consegue criar uma atmosfera macabra, bem parecida à série Além da Imaginação. Com elementos simples, como o uso do vento e uma bola, o diretor acerta em sequências de terror e suspense, mas não espere grande coisa do roteiro.


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Always (1989) | Além da Eternidade
 

Nota pessoal: 6,0 (bom)
Rotten Tomatoes: 65% | IMDb: 6,4/10 | Metacritic: 50% | Filmow: 3.5/5

Comentário: Pete é um bombeiro aéreo que, junto de sua equipe, ajuda a apagar os incêndios florestais mais violentos. Dorinda, sua encantadora namorada, se vê aflita toda vez que o amado sobe na aeronave. Se trata, pois, de um romance. Uma delicada história de amor, cheia de ternura. Este é o último filme da lendária atriz Audrey Hepburn, que, aqui, faz uma pontinha muito especial. O que torna o filme “morno” talvez seja sua narrativa pouco inspirada, tornando-o facilmente esquecível.

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Hook (1991) | Hook - A Volta do Capitão Gancho


Nota pessoal: 6,1 (bom)
Rotten Tomatoes: 29% | IMDb: 6,7/10 | Metacritic: 52% | Filmow: 3.3/5

Comentário: Peter Pan, longe da Terra do Nunca há anos, casou, teve filhos e, sim, envelheceu. Mas “seu mundo adulto” está prestes a colapsar, enquanto o velho capitão Gancho (aqui interpretado por Dustin Hoffman) planeja sua vingança. O filme nos exorta a manter viva a chama da infância em nossos corações, mesmo que não sejamos mais tão jovens. Robin Williams está ótimo. Porém, o filme peca ao exagerar em quase tudo, o que o torna forçado, exageradamente caricato. Sem contar que está muito datado.


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1941 (1979) | 1941 - Uma Guerra Muito Louca


Nota pessoal: 6,1 (bom)
Rotten Tomatoes: 33% | IMDb: 5,9/10 | Metacritic: 34% | Filmow: 3/5

Comentário: Após o bombardeio japonês na base naval norte-americana de Pearl Harbor, na Segunda Guerra Mundial, os americanos, em clima de paranoia, se convencem de que a Califórnia será o próximo alvo. Essa comédia tresloucada é uma mistura de divertimento e vergonha alheia. Um Spielberg em início de carreira que, certamente, hoje em dia não faria algo do tipo. Mas apesar de politicamente incorreto, em alguns aspectos, o filme consegue nos fazer rir pela via do absurdo. A cena do concurso de dança é hilária.

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Savage (1973) | Savage (telefilme)

Nota pessoal: 6,2 (bom)

Rotten Tomatoes: - | IMDb: 5,6/10 | Metacritic: - | Filmow: 3.5/5

 

Comentário: Um famoso jornalista, âncora de TV, começa a investigar fotos que comprometem a reputação do mais recente nomeado ao Supremo Tribunal. O filme é um piloto de uma série que nunca foi lançada, mas que, ao meu ver, teria potencial. A sequência que apresenta o protagonista, interpretado por Martin Landau, nos estúdios, antes de entrar no ar, é muito boa, com telas e produtores compondo a mise-en-scène. Apesar de ser o filme menos conhecido de Spielberg (além de terceiro e último telefilme de sua carreira), os planos esbanjam criatividade e elegância. Podemos, ainda, vislumbrar determinadas escolhas (como o close-up em zoom e a luz de fundo, contrastando os contornos dos personagens) que entregam gostos do diretor que marcaram sua carreira.


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Twilight Zone: The Movie (1983) | No Limite da Realidade (codireção)

Nota pessoal: 6,6 (bom)

Rotten Tomatoes: 56% | IMDb: 6,5/10 | Metacritic: 44% | Filmow: 3.6/5

 

Comentário: O filme se divide em um prólogo e quatro segmentos, cada um contando uma história inspirada na série Além da Imaginação. É difícil avaliar a totalidade da obra, pois há altos e baixos. Spielberg dirige o segundo segmento, que conta a história de um asilo, onde os idosos, por uma noite, voltam a ser crianças. Há uma aura fabulosa, uma atmosfera mágica e jovial no conto. Os pontos altos são a atuação dos velhinhos e a fotografia.


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The Sugarland Express (1974) | Louca Escapada

 
Nota pessoal: 6,8 (bom)
Rotten Tomatoes: 91% | IMDb: 6,8/10 | Metacritic: 65% | Filmow: 3.4/5

Comentário: Durante uma visita ao namorado, preso, Lou Jean o convence a fugir dali para, juntos, resgatarem o bebê de ambos, cuja guarda havia sido tirada deles. No decorrer dessa fuga, eles fazem um policial de refém. Inspirado em um caso real, ocorrido no Texas, esse filme rodoviário mantém um tom lúdico e ingênuo, embora apreensivo. Como ponto negativo, a trilha sonora, sendo aqui a primeira parceria entre Steven e John Williams, parece limitada, não atingindo o alto potencial que viria a tomar nas próximas décadas.

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Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull (2008)
Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal


Nota pessoal: 7,0 (muito bom)
Rotten Tomatoes: 77% | IMDb: 6,2/10 | Metacritic: 65% | Filmow: 3.2/5

Comentário: A mais recente aventura de Indiana Jones, não tão vigoroso quanto costumava ser, contorna os mistérios que cercam um sinistro crânio de cristal, em plena Guerra Fria, levando-o para a América do Sul. Apesar da trama repleta de ação e nostalgia, o uso excessivo de CGI destoa na tela e incomoda pela artificialidade de algumas cenas, embora dê um toque original junto à fotografia.

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Amistad (1997) | Amistad


Nota pessoal: 7,5 (muito bom)
Rotten Tomatoes: 76% | IMDb:7,3/10 | Metacritic: 63% | Filmow: 3.9/5

Comentário: O ano é 1839. Escravos, presos e transportados pelo navio La Amistad, se rebelam e tomam conta da embarcação. Ao chegarem em território estadunidense, são novamente presos, então julgados. Baseado em um caso real, o filme procura retratar fielmente a época do acontecimento, ilustrando as contradições do sistema jurídico americano no período, o modo de captura de transporte de escravos e o germe das primeiras manifestações públicas que viriam, anos mais tarde, a abolir a escravatura. Destaco, aqui, o discurso final de Anthony Hopkins no papel do ex-presidente John Quincy Adams e toda a brilhante performance de Djimon Hounsou, vivendo o escravo Cinqué.

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The BFG (2016) | O Bom Gigante Amigo


Nota pessoal: 7,6 (muito bom)
Rotten Tomatoes: 75% | IMDb: 6,4/10 | Metacritic: 66% | Filmow: 3.2/5

Comentário: Sophie, uma pequenina e sonhadora órfã, é sequestrada na calada da noite, de dentro do dormitório de seu orfanato, por um gigante carismático, de bom coração. Mark Rylance, o novo queridinho de Spielberg, está adorável no papel do gigante. Esta mágica aventura, por sua vez, traz uma fotografia deslumbrante e piadas do tipo pastelão, apropriadas ao público infantil.

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War of the Worlds (2005) | Guerra dos Mundos


Nota pessoal: 7,7 (muito bom)
Rotten Tomatoes: 74% | IMDb: 6,5/10 | Metacritic: 73% | Filmow: 3.2/5

Comentário: Um operador de guindastes (Tom Cruise) tenta se reaproximar dos filhos, após seu divórcio, enquanto alienígenas planejam destruir a humanidade. Inspirado em um dos maiores clássicos da literatura de ficção-científica, Guerra dos Mundos não tarda a mostrar destruição massiva através de efeitos visuais e sonoros impressionantes. Um clima de paranoia, reflexo da ansiedade antiterrorista estadunidense, ronda toda a trama, aqui centralizada – como Spielberg adora – no laço familiar destituído. Poderia ter sido melhor, se não fosse a perda de ritmo e a sensação de incompletude que o final gera.

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The Lost World: Jurassic Park (1997) | O Mundo Perdido: Jurassic Park


Nota pessoal: 7,9 (muito bom)
Rotten Tomatoes: 53% | IMDb: 6,5/10 | Metacritic: 59% | Filmow: 3.5/5

Comentário: Quatro anos após os acontecimentos do primeiro filme, John Hammond, criador do Jurassic Park, se converte em ambientalista e preza agora pelo bem-estar dos dinossauros presentes na Ilha Sorna, onde eles eram criados antes de serem transportados para a ilha principal, onde se situava o parque. Repetindo algumas fórmulas do primeiro longa (mas um tanto inferior a ele, talvez devido ao exagero), essa sequência promete um bom entretenimento, com momentos de aflição, correria e surpresa.


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The Terminal (2004) | O Terminal


Nota pessoal: 8,0 (ótimo)
Rotten Tomatoes: 61% | IMDb:7,3/10 | Metacritic: 55% | Filmow: 3.8/5

Comentário: Enquanto Viktor Navorski (Tom Hanks) viajava para Nova Iorque, seu país de origem, Krakozhia, sofria um golpe de Estado, invalidando o seu passaporte. Devido a esse bug burocrático, o estrangeiro, que mal compreende inglês, se vê obrigado a permanecer no terminal por tempo indeterminado. Apesar de ser considerado um filme modesto, seu desenvolvimento cumpre bem a proposta. Visualmente confortável e narrativamente divertido, a obra pode ser uma boa pedida para uma tarde preguiçosa.

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The Adventures of Tintin: The Secret of the Unicorn (2011)
As Aventuras de Tintim: O Segredo do Licorne


Nota pessoal: 8,0 (ótimo)
Rotten Tomatoes: 74% | IMDb:7,4/10 | Metacritic: 68% | Filmow: 3.8/5

Comentário: Tintim conhece o “quase nunca sóbrio” Capitão Haddock e, juntos, partem para uma aventura, através de pistas, rumo ao tesouro de um ancestral do capitão. Valendo-se de uma técnica de captura de movimento com atores reais, o filme se mostra visualmente impressionante. Cada detalhe, textura, movimento e som parecem minuciosamente trabalhados. E a liberdade de criação, dentro de um mundo computadorizado, permitiu ao diretor, sempre adepto às novas tecnologias, um leque de possibilidades nunca antes alcançado. Suas “câmeras” podem, aqui, “brincar” em todo e qualquer ângulo. A aventura, em si, é fiel às histórias originais, criadas pelo belga Hergé e publicadas, pela primeira vez, em 1929, seguindo um estilo semelhante a Indiana Jones. Embora, em certos pontos, perca um pouco do interesse, o resultado final é formidável.

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Close Encounters of the Third Kind (1977) | Contatos Imediatos do Terceiro Grau


Nota pessoal: 8,1 (ótimo)
Rotten Tomatoes: 96% | IMDb:7,7/10 | Metacritic: 90% | Filmow: 3.8/5
Oscar: Melhor fotografia.

Comentário: Um pai de família vê sua família abalada devido seu comportamento obsessivo após ter contato com objetos voadores não identificados. O governo local e a comunidade científica também têm ciência da visita extraterrestre. Apesar de datado em alguns pontos, o filme se mantém como clássico da ficção científica. A obsessão, a paranoia e o encanto são meios que guiam o roteiro ao encontro tão aguardado com os alienígenas. Destaque também para a fotografia belíssima.

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The Post (2017) | The Post: A Guerra Secreta


Nota pessoal: 8,2 (ótimo)
RottenTomatoes: 88% | IMDb: 7,3/10 | Metacritic: 83% | Filmow: 3.6/5

Comentário: Quando documentos secretos do Pentágono, mostrando o envolvimento dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã, vazam na imprensa, os editores do The Washington Post devem decidir entre não participar do vazamento ou publicar os arquivos, arcando com as consequências jurídicas impostas pelo governo. A direção rege planos longos, com uma câmera que exige mobilidade na hora de prender o espectador, visto que a atenção pode se esvair facilmente devido à temática densa. Os valores aqui trabalhados são a liberdade de imprensa em oposição aos interesses estatais, além do empoderamento feminino ao retratar Kay Graham, a primeira editora de um importante jornal americano (vivida impecavelmente pela Meryl Streep), e seu progresso, de chefe novata e insegura em um ambiente predominantemente masculino à líder firme e convicta.

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Bridge of Spies (2015) | Ponte dos Espiões


Nota pessoal: 8,2 (ótimo)
Rotten Tomatoes: 91% | IMDb:7,6/10 | Metacritic: 81% | Filmow: 3.7/5
Oscar: Melhor ator coadjuvante (Mark Rylance).

Comentário: James Donovan (Tom Hanks), advogado de seguros, é convocado para defender Rudolf Abel, espião soviético preso nos Estados Unidos. Quando um piloto americano é pego pelos soviéticos, Donavan se torna peça central na negociação entre os dois países. Contextualizado na Guerra Fria, essa trama, desenvolvida sobretudo nos diálogos, mostra a persistência do advogado na defesa do Estado de Direito. Embora o clamor popular e político pedisse pela condenação imediata do espião, Donavan o defende constitucionalmente, o que possibilita a negociação com a União Soviética. Um filme simples, mas visualmente elegante e eficaz em seu propósito. Será que as pessoas “além do muro” são tão diferentes de nós? São mesmo nossos inimigos? Fica a questão.

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Lincoln (2012) | Lincoln


Nota pessoal: 8,4 (ótimo)
Rotten Tomatoes: 90% | IMDb:7,4/10 | Metacritic: 86% | Filmow: 3.5/5
Oscars: Melhor ator (Daniel Day-Lewis) e Melhor designer de produção.

Comentário: Em meio à Guerra Civil Americana, o presidente Abraham Lincoln, ansioso por abolir a escravatura e parar a guerra, se empreende à tarefa de anexar a Décima Terceira Emenda à constituição dos Estados Unidos. Definitivamente, não é um filme para todos os públicos. A direção de Steven, aqui, se mostra contemplativa, por isso os espectadores mais desejosos por ação poderão se decepcionar. Os planos são centrados nos diálogos, nas atuações, sempre permeadas por um cenário fidedigno à época, cuja iluminação, em grande parte das cenas, se faz através de janelas. O resultado é uma beleza sublime, de encher os olhos. Isso sem contar Daniel Day-Lewis no papel de Lincoln, tão imerso no personagem que até os detalhes em sua maneira de falar carregam um toque de brilhantismo. Um Lincoln por trás da figura histórica quase mitológica, representado com todas as falhas e fragilidades de um ser humano.

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Indiana Jones and the Temple of Doom (1984) | Indiana Jones e o Templo da Perdição


Nota pessoal: 8,5 (ótimo)
Rotten Tomatoes: 85% | IMDb:7,6/10 | Metacritic: 57% | Filmow: 3.9/5
Oscar: Melhores efeitos visuais.

Comentário: Chegando por acaso à Índia, Indiana Jones e Willie Scott encontram uma tribo desesperada pela perda de sua pedra mística, que trazia prosperidade à aldeia. O arqueólogo parte então a resgatar a tal pedra e acaba descobrindo um culto macabro, onde há rituais de sacrifício humano, magia negra e escravidão infantil. Polêmico ao retratar a cultura hindu dentro de um recorte tão sombrio, o filme traz grandes momentos de ação e diversão. Uma aventura por excelência.

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War Horse (2011) | Cavalo de Guerra


Nota pessoal: 8,8 (ótimo)
Rotten Tomatoes: 76% | IMDb:7,2/10 | Metacritic: 72% | Filmow: 4/5

Comentário: No limiar da Primeira Guerra Mundial, Joey, o cavalo de Albert, é vendido ao exército inglês como forma de quitar as dívidas da família. O cavalo viaja por milhares de quilômetros, por campos de batalha e perigos iminentes, mas Joey nunca o esquece. Uma comovente história sobre a amizade entre um garoto e um cavalo. Propício a arrancar lágrimas dos espectadores, o longa se firma numa aventura sustentada por belíssimas fotografia e trilha sonora.

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Empire of the Sun (1987) | Império do Sol


Nota pessoal: 8,9 (excelente)
RottenTomatoes: 71% | IMDb: 7,8/10 | Metacritic: 62% | Filmow: 4.2/5

Comentário: Um garoto inglês vive com seus pais em um bairro diplomático na China em plena Segunda Guerra Mundial. Quando o Japão invade o território chinês, o garoto se perde dos pais e passa a vagar sozinho pelas ruas, até ser levado à um campo de concentração japonês. Esse drama, inspirado em uma autobiografia, mostra o processo forçado de amadurecimento do protagonista, aqui interpretado por Christian Bale. No início do filme, o garoto é retratado como um “mauricinho” que tem tudo na mão. A guerra, o caos e a miséria o obrigam a crescer e a se destacar. Um esforço de Spielberg, nos anos 80, para se provar no comando de filmes mais sérios. E o resultado é sublime.

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The Color Purple (1985) | A Cor Púrpura


Nota pessoal: 9,0 (excelente)
RottenTomatoes: 88% | IMDb: 7,8/10 | Metacritic: 78% | Filmow: 4.4/5

Comentário: Em uma cidadezinha, no início do século XX, Celie (Whoopi Goldberg) vive com sua irmã, Nettie. Abusada constantemente pelo pai, com quem gerou dois filhos – tirados dela logo no nascimento –, a garota é vendida à um homem mais velho, que mantém os abusos físicos e psicológicos. O primeiro grande drama da carreira de Spielberg nos traz de encontro um tema sensível, o racismo, e revela todo o sofrimento por trás da vida de uma personagem tão doce e apaixonante, cujas feridas espirituais a acomodaram na dor e na angústia, mas sem perder a esperança. A cena da separação – visceral, intensa – das duas irmãs, ainda jovens, é uma das mais impactantes da carreira do diretor.

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Duel (1971) | Encurralado


Nota pessoal: 9,0 (excelente)
Rotten Tomatoes: 88% | IMDb:7,7/10 | Metacritic: - | Filmow: 3.9/5

Comentário: Um motorista, em autoestrada, ultrapassa um gigantesco e enferrujado caminhão-tanque. A partir deste momento, o caminhão passa a persegui-lo de forma obsessiva e mortal. Eis o primeiro longa-metragem de Spielberg. Feito primeiramente para a TV, o filme fez tanto sucesso que foi para o cinema. Sua premissa simples desboca em uma situação absurda e paranoica. A face humana por trás do volante do monstruoso caminhão não é mostrada nenhuma vez, ajudando a criar um aspecto quase sobrenatural de organicidade para a máquina. O desfecho pode gerar certa incerteza, mas o enfoque está no poder metafórico ressaltado durante toda a obra.

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Ready Player One (2018) | Jogador Nº 1

Nota pessoal: 9,0 (excelente)

Rotten Tomatoes: 72% | IMDb: 7,5/10 | Metacritic: 64% | Filmow: 3.9/5

 

Comentário: Em um futuro distópico, a humanidade se refugia dentro de um jogo, uma realidade virtual chamada OASIS. O filme é um tsunami de referências da cultura pop, reunindo a estética dos mais diversos personagens, de filmes e desenhos animados à games. A mescla entre live-action e CGI funciona bem. Os detalhes pulsam às centenas, enchendo a tela. Apesar do futurismo, é possível notar forte influência setentista e oitentista, principalmente nas músicas e mesmo na essência da obra, que carrega a vibe aventuresca do antigo Spielberg, embora haja um quê de mais primoroso na imersão tecnológica.


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Raiders of the Lost Ark (1981) | Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida

 

Nota pessoal: 9,1 (excelente)
Rotten Tomatoes: 94% | IMDb:8,5/10 | Metacritic: 85% | Filmow: 4.1/5
Oscars: Melhor direção de arte; Melhor som; Melhor edição e Melhores efeitos visuais.

Comentário: Em busca da localização exata da Arca da Aliança, cujo poder os nazistas acreditavam dar invencibilidade a qualquer exército, Indiana Jones e Marion Ravenwood, par romântico do arqueólogo, partem em uma jornada cheia de perigos – leia-se: cobras – e mistérios. Dirigido com maestria, Spielberg firmou mais um clássico em seu currículo. A cena de Indiana fugindo da bola gigante, em um antigo templo peruano, entrou para a História. E, como não há de faltar na franquia, também podemos encontrar aqui muito humor e um toque de sobrenatural.

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Jaws (1975) | Tubarão


Nota pessoal: 9,1 (excelente)
Rotten Tomatoes: 97% | IMDb:8,0/10 | Metacritic: 87% | Filmow: 3.6/5
Oscars: Melhor som, Melhor edição e Melhor trilha sonora.

Comentário: Quando banhistas começam a morrer de forma violenta, uma recompensa é oferecida àquele que deter a criatura assassina. A premissa simples esconde um conflito de valores: interditar a praia, prejudicando vertiginosamente a maior fonte econômica da região, o Turismo, ou liberar o mar, arcando com os perigos? Esse suspense, que quebrou todos os recordes de bilheteria na época e transformou a vida do diretor, poderia muito bem ser um clássico de Hitchcock, mas é de Spielberg. Não vemos o tubarão, mas sabemos que ele está lá. A trilha sonora de John Williams é cirúrgica, perfeita, servindo como indicação de perigo e aproximação do monstro marinho. Foi o primeiro grande sucesso na vida de Steven e, já aqui, percebemos alguns de seus traços mais característicos, como a trama familiar e a utilização de efeitos especiais/mecânicos.

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West Side Story (2021) | Amor, Sublime Amor

Nota pessoal: 9,2 (excelente)

Rotten Tomatoes: 91% | IMDb: 7,2/10 | Metacritic: 85% | Filmow: 3.4/5

Oscar: melhor atriz coadjuvante (Ariana DeBose).

 

Comentário: Duas gangues, os Jets (estadunidenses) e os Sharks (porto-riquenhos), dividem o controle de um bairro de Nova Iorque, mas são surpreendidos (no geral, negativamente) pelo intenso caso de amor nascido entre um rapaz, ex-membro dos Jets, e uma garota, irmã do líder dos Sharks. Este musical, inédito na carreira de Spielberg, trata-se de um remake do clássico de 1961 e traz muitos paralelos com o Romeu e Julieta shakespeareano – onde duas famílias rivais, os Montéquios e os Capuletos, disputam cada cena. Aqui, ao invés da solar Verona, temos uma Nova Iorque em fins dos anos 50, caprichada fotograficamente pela contraluz, reflexos e brilhos do cineasta, além de muitas cores, como se perfumando o ambiente onírico, que mistura canto, dança, elevadas coreografias e intenso peso dramático.


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The Fabelmans (2022) | Os Fabelmans

Nota pessoal: 9,4 (excelente)

Rotten Tomatoes: 92% | IMDb: 7,6/10 | Metacritic: 84% | Filmow: 4.1/5

 

Comentário: O jovem Fabelman é incentivado pelos pais a começar a gostar de cinema – e filmar seus próprios filmes, enquanto a família se muda constantemente devido ao serviço do pai. É uma cineautobiografia de Spielberg, que retrata as próprias memórias de juventude: momentos de felicidade e dor, descobertas, mudanças, sonhos. A trama é tão pé no chão que pode causar identificação em boa parte do público. Não há grandes perigos globais, mas os problemas comuns (ou quase isso) de uma família judaica. Com o olhar aguçado do diretor, imerso em lembranças, cada plano atinge encantos de extrema poesia. É belíssimo, delicado, “demasiadamente humano”. E ainda funciona como uma carta de amor do cineasta septuagenário à sua amante, o cinema. Destaque para a trilha-sonora, outra vez, do lendário compositor John Williams, no alto de seus 90 anos.


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E.T. The Extra-Terrestrial (1982) | E.T. - O Extraterrestre


Nota pessoal: 9,5 (excelente)
RottenTomatoes: 98% | IMDb: 7,9/10 | Metacritic: 91% | Filmow: 3.9/5
Oscars: Melhor som; Melhores efeitos visuais; Melhores efeitos sonoros e Melhor trilha sonora.

Comentário: Um extraterrestre, perdido na Terra, faz amizade com um garotinho que, de todas as formas, tenta o proteger e evitar que ele seja capturado pelos cientistas. Este clássico do cinema é encantador não apenas para as crianças, mas sim para todas as idades. Aqui, vemos o coração inocente de uma criança ser preenchido por uma amizade inesperada e fantástica. Toda a técnica cinematográfica se põe em alinhamento com o olhar infantil, tal como o posicionamento das câmeras, quase sempre na altura dos pequenos. A trilha sonora, uma das melhores composições de Williams, se junta ao conjunto da obra e nos entrega este trabalho mágico, brilhante e sensível.

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Jurassic Park (1993) | Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros


Nota pessoal: 9,5 (excelente)
Rotten Tomatoes: 92% | IMDb:8,1/10 | Metacritic: 68% | Filmow: 3.9/5
Oscars: Melhor som; Melhores efeitos sonoros e Melhores efeitos visuais.

Comentário: Um ricaço e um grupo de cientistas, através de engenharia genética, conseguem trazer à vida inúmeras espécies de dinossauros, extintos há milhões de anos. De quebra, o plano é abrir um parque dentro de uma ilha para expor as criaturas ao público. Um marco sem precedentes na história dos efeitos visuais, essa obra consegue impressionar, mesmo após 30 anos de seu lançamento. O suspense aliado ao deslumbramento causa uma obra única, um clássico.

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Catch Me If You Can (2002) | Prenda-me Se For Capaz


Nota pessoal: 9,6 (excelente)
RottenTomatoes: 96% | IMDb: 8,1/10 | Metacritic: 75% | Filmow: 4.2/5

Comentário: Frank Abagnale Jr. (Leonardo DiCaprio) acumulou uma fortuna falsificando cheques, além de se passar por piloto, médico e advogado. Quem poderá descobrir seu paradeiro e detê-lo? Essa comédia dramática flui com um charme ímpar. As cenas são muito inspiradas e revelam uma ternura rara, algo jovial e fugaz. Christopher Walken, que interpreta o pai de Frank, está magistral em sua atuação. Destaque também para Tom Hanks, sempre ótimo, e a trilha sonora de John Williams.

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Indiana Jones and the Last Crusade (1989) | Indiana Jones e a Última Cruzada


Nota pessoal: 9,6 (excelente)
Rotten Tomatoes: 88% | IMDb:8,3/10 | Metacritic: 65% | Filmow: 4.1/5
Oscar: Melhores efeitos sonoros.

Comentário: Após seu pai, Henry Jones (Sean Connery), ter sido capturado pelos nazistas, Indiana Jones precisa desvendar uma série de enigmas que prometem a localização do Santo Graal, o cálice de Jesus Cristo na Última Ceia. Eis, ao meu ver, a aventura mais deliciosa do arqueólogo mais famoso do cinema. Há mistério, humor, muita ação e um flerte com o sagrado. As cenas entre Sean Connery, Jones pai, e Harrison Ford, Jones filho, são de um carisma e uma comicidade ímpares. Até Hitler dá uma pontinha no filme.

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A.I. Artificial Intelligence (2001) | A.I.: Inteligência Artificial


Nota pessoal: 9,6 (excelente)
Rotten Tomatoes: 73% | IMDb:7,1/10 | Metacritic: 65% | Filmow: 3.9/5

Comentário: Uma empresa de tecnologia chamada Cybertronics cria um robô-menino com a capacidade única de amar eternamente os pais que lhe “adotarem”. Criticado – ao meu ver, injustamente – como sendo fora de tom e por ter um final muito “açucarado”, creio que se trata, aqui, de uma obra subestimada, uma das melhores produções do gênero. Projeto idealizado por Stanley Kubrick, cujas características podem ser sentidas na atmosfera angustiante e depressiva do primeiro ano, e dirigido por Spielberg, com todo seu espetáculo visual e sentimentalismo, o filme é uma odisseia futurista, um conto-de-fadas moderno. A inocência imersa no niilismo, o estranhamento, a obstinação e a melancolia estão em quase toda a trama – a cena do “abandono na floresta” é de partir o coração. O que resta, no fundo, é a questão moral: “Se um robô puder realmente amar uma pessoa, qual a responsabilidade que essa pessoa vai ter em relação a este robô?”

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Munich (2005) | Munique


Nota pessoal: 9,8 (excelente)
RottenTomatoes: 77% | IMDb: 7,6/10 | Metacritic: 74% | Filmow: 3.7/5

Comentário: Em resposta ao atentado terrorista cometido contra onze integrantes da equipe olímpica de Israel por um grupo palestino, durante as Olimpíadas de 1972 em Munique, o Estado israelense convoca um grupo de agentes secretos com a finalidade de matar os responsáveis pelo massacre. Corajoso ao tratar de um tema tão polêmico, o diretor arquiteta sequências complexas e funcionais aqui. Seu tom pesado, bem diferente do tradicional otimismo de Spielberg, revela uma série de questões e camadas, como as consequências psicológicas dos agentes e a dúvida quanto à eficácia da solução almejada pela missão. Intenso, inteligente, desafiador e muito bem dirigido. Imperdível.

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Minority Report (2002) | Minority Report - A Nova Lei


Nota pessoal: 9,8 (excelente)
Rotten Tomatoes: 91% | IMDb:7,7/10 | Metacritic: 80% | Filmow: 3.7/5

Comentário: Em um futuro altamente tecnológico, a polícia Pré-Crime, utilizando-se de três videntes imersos em água, desenvolve uma tecnologia capaz de prender os criminosos antes que eles cometam o crime. Um roteiro repleto de reviravoltas, cenas de ação eletrizantes e um cenário futurista com carros voadores e realidades virtuais. O que mais me chama a atenção neste filme são as camadas de questões éticas que ele apresenta. Seria correto manter os três videntes “aprisionados” em prol da supressão extrema de crimes violentos no Estado? Versando sobre determinismo e livre-arbítrio, o longa nos leva a pensar e prende o espectador do começo ao fim.

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Saving Private Ryan (1998) | O Resgate do Soldado Ryan


Nota pessoal: 10 (perfeito)
Rotten Tomatoes: 92% | IMDb:8,6/10 | Metacritic: 90% | Filmow: 4.2/5
Oscars: Melhor diretor; Melhor fotografia; Melhor som; Melhor edição e Melhores efeitos sonoros.

Comentário: Durante a Segunda Guerra Mundial, três dos quatro irmãos Ryan morreram. Como forma de prevenir que a mãe perca também o último filho, uma equipe de soldados é designada a resgatar o quarto irmão e leva-lo para casa. Inspirado levemente em um caso real, no qual uma mãe perdeu todos os quatro filhos durante a Guerra Civil Americana, e ambientado dentro de um quadro histórico, o “Dia D”, este filme impacta o público pelas cenas de guerra extremamente realistas. A sequência inicial, da invasão à praia de Omaha, é considerada uma das melhores batalhas da história do cinema.

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Schindler's List (1993) | A Lista de Schindler


Nota pessoal: 10 (perfeito)
Rotten Tomatoes: 97% | IMDb:8,9/10 | Metacritic: 93% | Filmow: 4.6/5
Oscars: Melhor filme; Melhor diretor; Melhor roteiro adaptado; Melhor fotografia; Melhor direção de arte; Melhor edição; Melhor trilha sonora.

Comentário: Com o estourar do Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial, Oskar Schindler, um homem rico, dono de indústria, e filiado ao Partido Nazista, observa os horrores que a comunidade judaica estava sofrendo. Sua transformação moral o leva a intervir nos campos de concentração, trazendo judeus para trabalhar em sua fábrica, os livrando, assim, da morte. Inspirado em um caso real, o filme une a primazia técnica do cinema com o apelo humanístico do diretor. Trata-se da obra-prima de Steven Spielberg. Tudo, aqui, funciona com perfeição, levando o espectador para dentro de um retrato realista, em preto-e-branco, e assustador daquele que foi um dos eventos mais trágicos do século. A garotinha judia, usando o casaco vermelho – único elemento do filme em que há cor –, não indica apenas a chave que despertou o lado mais humano em Schindler, mas também simboliza o próprio Holocausto, onde o mundo assistia aquele inferno e não fazia nada para detê-lo. Muito além de um simples filme de guerra, o cerne deste trabalho é o valor da própria vida humana.

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Carreira do diretor em 30 belos cortes:

Spielberg in 30 Shots from Jacob T. Swinney on Vimeo.

Filmografia completa do diretor:

2018 - Ready Player One (Jogador Nº 1)

2017 - The Post (The Post – A Guerra Secreta)

2016 - The BFG (O Bom Gigante Amigo)

2015 - Bridge of Spies (Ponte dos Espiões)

2012 - Lincoln

2011 - War Horse (Cavalo de Guerra)

2011 - The Adventures of Tintin: The Secret of the Unicorn (As Aventuras de Tintim: O Segredo do Licorne)

2008 - Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull (Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal)

2005 - War of the Worlds (Guerra dos Mundos)

2005 - Munich (Munique)

2004 - The Terminal (O Terminal)

2002 - Minority Report (Minority Report – A Nova Lei)

2002 - Catch Me If You Can (Prenda-me Se For Capaz)

2001 - A.I. Artificial Intelligence (A.I.: Inteligência Artificial)

1998 - Saving Private Ryan (O Resgate do Soldado Ryan)

1997 - Amistad

1997 - The Lost World: Jurassic Park (O Mundo Perdido: Jurassic Park)

1993 - Schindler's List (A Lista de Schindler)

1993 - Jurassic Park (Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros)

1991 – Hook (Hook – A Volta do Capitão Gancho)

1989 - Indiana Jones and the Last Crusade (Indiana Jones e a Última Cruzada)

1989 - Always (Além da Eternidade)

1987 - Empire of the Sun (Império do Sol)

1985 - The Color Purple (A Cor Púrpura)

1984 - Indiana Jones and the Temple of Doom (Indiana Jones e o Templo da Perdição)

1983 - Twilight Zone: The Movie (No Limite da Realidade) *vários diretores

1982 - E.T. the Extra-Terrestrial (E.T. - O Extraterrestre)

1981 - Raiders of the Lost Ark (Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida)

1979 – 1941 (1941 – Uma Guerra Muito Louca)

1977 - Close Encounters of the Third Kind (Contatos Imediatos do Terceiro Grau)

1975 - Jaws (Tubarão)

1974 - The Sugarland Express (Louca Escapada)

1973 - Savage *telefilme

1972 - Something Evil (A Força do Mal) *telefilme

1971 - Duel (Encurralado)


FONTES: todos os filmes acima, em negrito; o documentário “Spielberg”, de 2017, dirigido por Susan Lacy; o vídeo “Como Steven Spielberg Faz Um Filme” de Gustavo Cruz; Wikipédia; Rotten Tomatoes; IMDb; Metacritic e Filmow.

Atualizações: inclusão dos telefilmes Something Evil e Savage, além de No Limite da Realidade (dirigido por vários diretores) e dos mais recentes, Jogador Número 1, Amor, Sublime Amor e Os Fabelmans. Atualizei também a minha designação, de estudante para bacharel, notas e comentários pessoais e pontos da introdução referentes aos acréscimos citados.

Um comentário:

  1. Bom trabalho como diretor amei muito seu filme O bom amigo gigante. Esse é um grande filme, li tambem o livro é maravilhoso, eu recomendo outro filme baseado em um livro, 7 Minutos Depois da Meia Noite é umo dos melhores filmes de livros famosos, já queria assistir e agora é um dos meus preferidos. Li o livro em que esta baseada faz alguns anos e foi uma das melhores leituras até hoje, e sem dúvida teve uma grande equipe de produção. É muito inspiradora, realmente a recomendo.

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