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sexta-feira, 13 de setembro de 2019

ME PERDOE, ANTIGO EU

Ilustração de Jorge Mascarenhas

Me perdoe por te trair,
Me perdoe pelas inúmeras vezes que fui dormir sem dizer um eu te amo
E pelas vezes em que sequer te dei bom dia.
Me perdoe por não dar a devida atenção para as suas pequenas conquistas.


Me perdoe por não te perdoar,
Por não te amar como gostaria,
Me perdoe por criticar duramente os teus defeitos,
Me perdoe por voltar para quem nunca te valorizou,
Me perdoe por te alimentar de ilusões e depois te destruir, te culpar, te ferir.

Me perdoe por não confiar na sua capacidade,
Me perdoe por não te levar pra jantar no seu restaurante preferido da cidade,
Me perdoe por te alimentar mal,
Me perdoe por te ignorar quando você grita.

Me perdoe por te calar,
E me perdoe...
Me perdoe por eu não te achar tão bonita,
Me perdoe por não valorizar o teu reflexo no espelho e o teu impacto no mundo.

Neste quarto mudo,
Neste mesmo espelho me pego pedindo perdão
E me perguntando;

Como pude fazer tão mal a mim mesma?

Me perdoe, antigo eu.

Assim, encerro com o perdão e a promessa de amar,
Acima de tudo,
Quem não vai me abandonar,
Apesar de tudo.

Jaqueline Camargo, poetisa e estudante de Psicologia

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