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quinta-feira, 20 de agosto de 2020

RADIOHEAD: comentando a discografia completa

 

Análise e comentários:

DISCOGRAFIA DE RADIOHEAD

 

20 de agosto de 2020

Douglas Jefferson, bacharel em Filosofia


fonte da imagem: xsnoize.com/radiohead-begin-writing-new-album

 

            Radiohead é uma banda britânica de rock alternativo e experimental, uma das mais influentes das últimas décadas. Formado em 1985 por colegas de uma mesma escola, o grupo publicou o primeiro álbum de estúdio em 1993, Pablo Honey, responsável pelo maior hit do grupo, até hoje: Creep. Porém, a aclamação da crítica especializada veio apenas em 1997, com a obra-prima OK Computer, um marco na História da Música, que previu, em certa maneira, o século da computação globalizada que se abria. O disco seguinte, Kid A (2000), embora alheio às tendências do pop – sendo composto por muitos sons experimentais e sem produzir nenhum single –, também fez grande sucesso, pioneiro em seu gênero ao misturar rock e sintetizadores. Os dois discos foram laureados com o cobiçado Grammy de Melhor Álbum de Música Alternativa, feito que se repetiu com o excelente In Rainbows (2007). Este ainda inovou em sua estreia, quando a banda, ciente do declínio do número de vendas de discos, principalmente causada pela pirataria desenfreada que há na web, permitiu que os fãs comprassem o álbum, no site oficial, pelo preço que desejassem, inclusive gratuitamente. O marketing foi bem-recebido e impulsionou a popularidade do trabalho.

            Desde o início, a formação da banda não se alterou. No vocal, Thom Yorke, que ocasionalmente também assume violão, guitarra e piano. Seu trabalho vocal, agudo, muitas vezes em falsete, transmite o toque de melancolia e humanidade que caracterizam grande parte do estilo do grupo. Ed O'Brien é uma espécie de segundo frontman, assumindo vocal de apoio e guitarra. Colin Greenwood é o baixista, mas também faz uso de sintetizadores. Seu irmão, Jonny Greenwood, é o segundo guitarrista, além de tocar teclado e outros instrumentos, principalmente eletrônicos. Sua guitarra influenciou gerações com seus riffs e pontual agressividade. Jonny ainda é um grande compositor de trilha sonora para cinema, tendo assinado a composição de vários filmes de Paul Thomas Anderson – inclusive, sendo indicado ao Oscar por Trama Fantasma (2017), ao lado de nomes como Hans Zimmer e John Williams. O baterista da banda, por sua vez, é Phil Selway. Uma curiosidade é que, os dois últimos, Jonny e Phil aparecem no longa Harry Potter e o Cálice de Fogo, interpretando integrantes da banda-fictícia The Weird Sisters.

            No começo, a banda se chamava On a Friday, pois ensaiavam sempre às sextas-feiras. O nome Radiohead veio junto ao contrato com a primeira gravadora e faz referência à uma canção da banda Talking Heads, que diz: “Ei, cabeça de rádio / O som de um mundo inteiramente novo”. Coincidentemente, o estilo dos “cabeça de rádio”, principalmente a partir do terceiro álbum, foi sinônimo de um novo mundo: tecnológico, inovador, acerelado, eclético. Porém, também pessimista, angustiante, depressivo – e isso aparece frequentemente na atmosfera criada pelo Radiohead. A “Era da Informática” nos engoliu. Hoje, somos patologicamente ansiosos; perdidos na saturação das possibilidades e no turbilhão de informações desencadeadas pela internet. Todos esses novos conceitos foram incorporados à discografia do grupo.

No primeiro disco, a autodepreciação é o tema-central; depois, o leque se abre para a política, o meio social e problemáticas pessoais/passionais. Com o tempo, as letras foram se tornando cada vez mais abstratas e desconexas, rompendo diversos padrões – mas sem perder a altíssima qualidade. São canções que nos instigam a participar da experiência, a completar os quebra-cabeças usando nossas próprias vivências. O primeiro EP foi uma fita cassete chamada Manic Hedgehog (1991). Depois, vieram mais seis EPs: Drill (1992); Itch (1994); My Iron Lung (1994); No Surprises/Running from Demons (1997); Airbag/How Am I Driving? (1998) e COM LAG (2plus2isfive) (2004). Os álbuns de estúdio, nove, além de um disco ao vivo e um duplo de remix, iremos comentar pormenorizadamente mais a frente.

No que se refere ao gênero, podemos dizer que eles têm o rock como base, mas fazem uso massivo de música eletrônica/experimental e, por vezes, acrescentam elementos de música erudita, como orquestra, e jazz. Entre as influências, está Joy Division. Pink Floyd, Pixies e U2 também são frequentemente citadas.

Pessoalmente, digo que “visitar” a discografia deles foi uma viagem de grande aprendizado. Ouvi duas vezes cada álbum: a primeira, para quebrar as expectativas e o preconceito; a segunda, para analisar as letras e o conceito de cada obra. Antes, conhecia minimamente o Radiohead – no máximo, alguns singles. Posso dizer, agora, que valeu muito a pena e que meu disco favorito acabou sendo In Rainbows. Na sequência, acompanhe meu comentário sobre cada álbum, um a um:

 


ÁLBUNS DE ESTÚDIO:

 

Pablo Honey (1993)

Nota pessoal: 8,7 (ótimo)

Gênero: Rock alternativo. Gravadora: Parlophone.

 

1.       "You"

2.       "Creep"

3.       "How Do You?"

4.       "Stop Whispering"

5.       "Thinking About You"

6.       "Anyone Can Play Guitar"

7.       "Ripcord"

8.       "Vegetable"

9.       "Prove Yourself"

10.    "I Can't"

11.    "Lurgee"

12.    "Blow Out"

 

Comentário: Abrindo a discografia da banda, o álbum aposta em um rock despretensioso, simples, solto e cru, que ora acelera, ora desacelera. É um disco, sobretudo, autodepreciativo, tendo em vista as letras que abordam temáticas de uma juventude desajustada – causando forte sensação de sinceridade. Esse deslocamento é tema central. Sentimos que os músicos estão plenamente transparentes ali, desavergonhados perante as humilhações da vida e todas as próprias fragilidades. O vocal de Thom Yorke reflete essa angústia, misturando tons que denotam vulnerabilidade com certa revolta, presente em berros pontuais. As guitarras, por sua vez, entrelaçam-se em riffs, solos, calmarias e turbilhões. Creep, segunda faixa, é, ainda, um dos maiores clássicos da banda – quiçá dos anos 90, no cenário do rock – e apresenta bem todo o espírito do disco: um convite ao caos do cotidiano, em meio aos anseios e temores, na vida de um estranho jovem.

 

The Bends (1995)

Nota pessoal: 9,6 (excelente)

Gênero: Rock alternativo. Gravadora: Parlophone.

 

1.       "Planet Telex"

2.       "The Bends"

3.       "High and Dry"

4.       "Fake Plastic Trees"

5.       "Bones"

6.       "(Nice Dream)"

7.       "Just"

8.       "My Iron Lung"

9.       "Bullet Proof... I Wish I Was"

10.    "Black Star"

11.    "Sulk"

12.    "Street Spirit (Fade Out)"

 

Comentário: Sucessor de Pablo Honey (1993), The Bends leva o Radiohead para além da sonoridade adolescente, alcançando maturidade. Diria que, conceitualmente, é uma obra sobre a fragmentação interna do ser humano. Desde a primeira faixa, Planet Telex, o ato de quebrar-se, ou de estar quebrado, surge de modo central – o que se repete em algumas outras canções. Os pensamentos buscam acolher a transitoriedade da vida, que se desenrola no seio de uma sociedade bruta, artificial, enlouquecida, mas as palavras que se materializam só encontram brecha para luzir apropriadamente na poesia. É tudo incrivelmente – e melancolicamente – poético, inspirado e abstrato. Enigmas de fragmentos da realidade, que espelham a confusão, o medo e a dor. O vocal transmite tudo isso, entre falsetes e notas bem longas, de primorosas melodias. Há solos de guitarra e instantes de aceleração, como a vibração das luzes em túnel, durante viagem de carro; porém, geralmente as canções são mais introspectivas, calmas, com uso de violão. Excelente para se ouvir em janelas – a meditar na realidade que nos cerca e nos assombra.

 

OK Computer (1997)

Nota pessoal: 10,0 (perfeito)

Gênero: Rock alternativo; art rock. Gravadora: Parlophone; Capitol.

Grammy (1998): Melhor Álbum de Música Alternativa.

 

1.       "Airbag"

2.       "Paranoid Android"

3.       "Subterranean Homesick Alien"

4.       "Exit Music (For a Film)"

5.       "Let Down"

6.       "Karma Police"

7.       "Fitter Happier"

8.       "Electioneering"

9.       "Climbing Up the Walls"

10.    "No Surprises"

11.    "Lucky"

12.    "The Tourist"

 

Comentário: O terceiro disco do Radiohead busca na experimentação uma nova sonoridade, com instrumentação inusitada – usa-se mellotron e glockenspiel, por exemplo, além de efeitos computadorizados –, ainda que piano, guitarra, baixo e bateria “ditem as regras”. Trata-se de um álbum atmosférico e imersivo, que nos engole, colocando-nos em transe. Na contramão do otimismo com a tecnologia, na virada do milênio, a banda faz uma crítica política visceral à ascensão das velocidades pós-modernas. O mundo estava acelerando rápido demais, tornando a informação saturada e causando desorientação e paranoia. O chamado “mundo das aparências” é outro tema central, onde as pessoas, robotizadas, seguem o modelo-padrão – irrefletido/infeliz – de existência. A sociedade hiperconectada, que caracteriza o nosso hoje, adoece cada indivíduo, preso na ânsia de produzir bens e aparentar estabilidade. Nisso, o disco pede: “desacelere”. Ele nos convida ao questionamento, em tom futurista, de fina e abstrata poesia. Sem dúvida, um dos melhores álbuns de rock da sua geração.

 

Kid A (2000)

Nota pessoal: 9,5 (excelente)

Gênero: pós-rock; eletrônico/experimental. Gravadora: Parlophone; Capitol.

Grammy (2001): Melhor Álbum de Música Alternativa.

 

1.       "Everything in Its Right Place"

2.       "Kid A"

3.       "The National Anthem"

4.       "How to Disappear Completely"

5.       "Treefingers"

6.       "Optimistic"

7.       "In Limbo"

8.       "Idioteque"

9.       "Morning Bell"

10.    "Motion Picture Soundtrack"

 

Comentário: Kid A representa uma mudança radical no estilo da banda, que leva ao extremo o experimentalismo dos álbuns anteriores. Estilisticamente, podemos associa-lo ao movimento de arte dadaísta. O irracionalismo e a desconexão dos versos imperam. Parece, muitas vezes, “bugado”, quebrado, errado – visto que nossa razão busca um nexo inexistente. É música pós-moderna, recheada de sons abstratos, pouco identificáveis e que parecem, por algum motivo, não combinar. Há massiva música eletrônica, que se soma aos elementos do rock, jazz (principalmente em The National Anthem, a terceira faixa) e uma espécie de “toque infantil”, como obscuras canções de ninar. Outras vezes, sentimo-nos em balada esquizofrênica, em repetição angustiante. Somos levados para outra dimensão, na fossa do subconsciente; eis uma viagem surrealista, psicodélica, sem sentido, onde passamos por dinossauros, a Era do Gelo e o esvaziamento da vida. As letras nos regem – sugestionam imagens, compondo o ambiente ao mesmo tempo que nos abandona em estranhamento profundo. O que está “realmente” acontecendo, eu não sei.

 

Amnesiac (2001)

Nota pessoal: 8,6 (ótimo)

Gênero: pós-rock; eletrônico/experimental. Gravadora: Parlophone; Capitol.

Grammy (2002): Melhor Pacote de Gravação (encarte/artes gráficas).

 

1.       "Packt Like Sardines in a Crushd Tin Box"

2.       "Pyramid Song"

3.       "Pulk/Pull Revolving Doors"

4.       "You and Whose Army?"

5.       "I Might Be Wrong"

6.       "Knives Out"

7.       "Morning Bell/Amnesiac"

8.       "Dollars and Cents"

9.       "Hunting Bears"

10.    "Like Spinning Plates"

11.    "Life in a Glasshouse"(feat. Humphrey Lyttelton no trompete)

 

Comentário: O sucessor (e continuador) do paradigmático Kid A segue quase a mesma fórmula experimental; sendo, porém, menos radical em seu deslocamento dentro do gênero. Há canções mais convencionais – e tão boas quanto –, como Knives Out, ainda que as letras continuem a apresentar muitos versos abstratos. As faixas foram gravadas na mesma época do disco antecessor, tanto é que eles reaproveitam uma versão de Morning Bell, mas o álbum tem identidade própria e um conceito particular. Ele é inspirado pelo “rio do esquecimento”, da mitologia; pelo encontro com elementos de uma vida passada (esquecida ao renascer). Life in a Glasshouse é a exceção, gravada após as outras, com a participação do trompetista Humphrey Lyttelton. A canção se destaca e surpreende por fechar o disco com uma poderosa performance de jazz.

 

Hail to the Thief (2003)

Nota pessoal: 8,9 (ótimo)

Gênero: Rock alternativo/eletrônico. Gravadora: Parlophone; Capitol.

Grammy (2004): Melhor Engenharia de Som, Álbum Não-Clássico.

 

1.       “2 + 2 = 5" (The Lukewarm)

2.       "Sit down. Stand up" (Snakes & Ladders)

3.       "Sail to the Moon" (Brush the Cobwebs out of the Sky)

4.       "Backdrifts" (Honeymoon Is Over)

5.       "Go to Sleep" (Little Man Being Erased)

6.       "Where I End and You Begin" (The Sky Is Falling In)

7.       "We Suck Young Blood" (Your Time Is Up)

8.        "The Gloaming" (Softly Open Our Mouths in the Cold)

9.       "There There" (The Boney King of Nowhere)

10.    "I Will" (No Man's Land)

11.    "A Punchup at a Wedding" (No no no no no no no no)

12.    "Myxomatosis" (Judge, Jury & Executioner)

13.    "Scatterbrain" (As Dead as Leaves)

14.    "A Wolf at the Door" (It Girl. Rag Doll)

 

Comentário: Em Hail to the Thief, finalmente, a banda volta às guitarras, mas sem perder os efeitos eletrônicos (como disparos a laser) e a típica “estranheza”. É um disco mais equilibrado, mais bem-amarrado que seus dois antecessores. Logo de início, somos apresentados à excelente 2+2=5, uma das minhas prediletas. O título pode fazer referência à obra 1984, de George Orwell. A canção se dá, primeiramente, em instrumental baixo, de notas constantes, abrindo contraste com os vocais bem claros. Depois, explode em um rock de primeira. O restante do disco, segue, muitas vezes, morno e obscuro. Destaco Go to Sleep, com seu violão marcante, There There e A Wolf at the Door. Conceitualmente, o álbum explora a sujeira política, denunciando o “envenenamento do meio ambiente”, por exemplo. O verbo “sugar” é empregado algumas vezes e denuncia o esvaziamento de si, dentro de um sistema brutal.

 

In Rainbows (2007)

Nota pessoal: 10,0 (perfeito)

Gênero: Rock alternativo; art rock. Gravadora: Autopublicação; XL Recordings.

Grammy (2008): Melhor Álbum de Música Alternativa e Edição Especial Limitada.

 

1.       "15 Step"

2.       "Bodysnatchers"

3.       "Nude"

4.       "Weird Fishes/Arpeggi"

5.       "All I Need"

6.       "Faust Arp"

7.       "Reckoner"

8.       "House of Cards"

9.       "Jigsaw Falling into Place"

10.    "Videotape"

 

Comentário: In Rainbows traz novamente o Radiohead ao ápice de sua qualidade artística. Eles absorveram o experimentalismo da última década e o incorporaram às camadas das novas canções, como um suporte aos instrumentos centrais, do rock. É um som maduro, bem articulado e muito gostoso, com batida dançante – e que melhora a cada vez que se ouve. Os riffs têm personalidade e segurança, assim como a percussão, conduzindo o multifacetado e colorido universo do disco – que metaforiza o arco-íris em nuances das emoções humanas. As letras são bem pessoais, de elevado arsenal poético, e refletem até mesmo um quê de romantismo e otimismo, tão raro na carreira da banda. Viajamos lonjuras, dentro de nós, em símbolos que nos convidam a tomar atividade. Não basta esperar, passivamente, que as peças tomem forma. É preciso entrar no espelho e decodificar (ou só sentir) o fundo do oceano. O álbum ainda traz, em edição especial, um segundo disco, com seis canções extras, além de dois instrumentais, ampliando a experiência.

 

The King of Limbs (2011)

Nota pessoal: 9,2 (excelente)

Gênero: Rock alternativo/eletrônico. Gravadora: XL Recordings.

 

1.       "Bloom"

2.       "Morning Mr Magpie"

3.       "Little by Little"

4.       "Feral"

5.       "Lotus Flower""

6.       "Codex"

7.       "Give Up the Ghost"

8.       "Separator"

 

Comentário: O penúltimo disco do Radiohead, até então, tem o título baseado em uma árvore milenar, do condado de Wiltshire, Inglaterra. Trata-se de um carvalho todo retorcido, que estende seus muitos galhos pelo chão. O disco comporta apenas oito faixas, com um single, Lotus Flower – cantado lindamente em falsete –, e um instrumental, Feral. Apesar do número reduzido, as canções são longas, chegando, muitas vezes, na casa dos quatro e dos cinco minutos. A parte instrumental recebe, aqui, papel preponderante, com uso massivo e bem marcado do baixo e dos elementos de percussão. Cada música entrega seu próprio conjunto original de batidas, eletrônicas ou não. Isso cria um ritmo dançante/eletrizante, bem diferente das distorções de guitarra dos álbuns debutantes da banda. As letras, por sua vez, apesar de pessoais, são bem herméticas, de uma poesia cheia de metáforas e que nos coloca em atmosfera onírica do princípio ao fim.

 

A Moon Shaped Pool (2016)

Nota pessoal: 9,5 (excelente)

Gênero: Art rock. Gravadora: XL Recordings.

 

1.       "Burn the Witch"

2.       "Daydreaming"

3.       "Decks Dark"

4.       "Desert Island Disk"

5.       "Ful Stop"

6.       "Glass Eyes"

7.       "Identikit"

8.       "The Numbers"

9.       "Present Tense"

10.    "Tinker Tailer Soldier Sailor Rich Man Poor Man Beggar Man Thief"

11.    "True Love Waits"

 

Comentário: A Moon Shaped Pool, disco mais recente da banda, destaca os arranjos orquestrais, de Jonny Greenwood, com uso significativo de cordas e coral. É a primeira vez que os instrumentos orquestrais têm tanto destaque em um CD do grupo. Isso dá um tom épico, ainda que, aqui, sutil. O álbum é imersivo, contemplativo, de canções altamente refinadas e calmas. Só a primeira faixa, o single Burn the Witch, busca uma intensidade mais elevada. Há um quê de enfeitiçado, assombrado, fantasmagórico – resultado, principalmente, do coro e do toque de piano. Apesar dessa aura sombria, momentos de felicidade emergem em canções como The Numbers, com seu violão vibrante, e True Love Waits, guardada na gaveta do grupo há mais de década: “E o amor verdadeiro vive / Em pirulitos e batatinhas”, diz a letra. Além da aliança entre rock e música clássica, o habitual experimentalismo eletrônico também aparece, como em sons retorcidos de ambiente e até mesmo um ronco remixado. Uma curiosidade: todas as faixas seguem em ordem alfabética.

 

 

 

ÁLBUNS AO VIVO & REMIX:

 

I Might Be Wrong: Live Recordings (2001)

“Ao vivo”

Nota pessoal: 8,5 (ótimo)

Gênero: Ao vivo; rock experimental. Gravadora: Parlophone; Capitol.

 

1.       "The National Anthem"

2.       "I Might Be Wrong"

3.       "Morning Bell"

4.       "Like Spinning Plates"

5.       "Idioteque"

6.       "Everything in Its Right Place"

7.       "Dollars and Cents"

8.       "True Love Waits"

 

Comentário: Trata-se de um pequeno álbum de performances ao vivo, com músicas dos álbuns Kid A e Amnesiac, fase mais experimental da discografia da banda, com exceção da última faixa, True Love Waits, que só ganhou uma versão de estúdio com o A Moon Shaped Pool. A originalidade do disco está na alteração instrumental de algumas faixas, como em The National Anthem, que perde parte da roupagem jazzística e centra-se mais no contrabaixo. A recepção do público também é um termômetro interessante.

 

TKOL RMX 1234567 (2011)

“Com vários artistas / remix”

Nota pessoal: 8,1 (ótimo)

Gênero: Música eletrônica. Gravadora: XL Recordings.

 

Disco 1

 

1.       "Little by Little" (Caribou remix)

2.       "Lotus Flower" (Jacques Greene remix)

3.       "Morning Mr Magpie" (Nathan Fake remix)

4.       "Bloom" (Harmonic 313 remix)

5.       "Bloom" (Mark Pritchard remix)

6.       "Feral" (Lone remix)

7.       "Morning Mr Magpie" (Pearson Sound "Scavenger" remix)

8.       "Separator" (Four Tet remix)

 

Disco 2

 

9.       "Give Up the Ghost" (Thriller "Houseghost" remix)

10.    "Codex" (Illum Sphere remix)

11.    "Little by Little" (Shed remix)

12.    "Give Up the Ghost" (Brokenchord remix)

13.    "TKOL" (Altrice remix)

14.    "Bloom" (Blawan remix)

15.    "Good Evening Mrs Magpie" (Modeselektor remix)

16.    "Bloom" (Objekt remix)

17.    "Bloom" (Jamie xx rework)

18.    "Separator" (Anstam remix)

19.    "Lotus Flower" (SBTRKT remix)

 

Comentário: O disco duplo apresenta uma série de remixes do álbum The King of Limbs (2011). Há uma diversidade de estilos, pois cada música foi repaginada por DJs e artistas distintos, mas todo o conjunto da obra se enquadra dentro do gênero da música eletrônica. Eles desconstroem a forma original da canção, reposicionam os fragmentos e criam a partir deste material bruto. Para quem gosta de eletrônica, os remixes podem interessar; caso contrário, tendem a soar um pouco cansativos/enjoativos.

 


 


Discografia completa da banda:

 

Álbuns de estúdio

 

2016 – A Moon Shaped Pool

2011 – The King of Limbs

2007 – In Rainbows

2003 – Hail to the Thief

2001 – Amnesiac

2000 – Kid A

1997 – OK Computer

1995 – The Bends

1993 – Pablo Honey

 

Álbuns ao vivo & remix

 

2011 – TKOL RMX 1234567 (remix)

2001 – I Might Be Wrong: Live Recordings (ao vivo)

 

FONTES: Todos os álbuns acima, em negrito; Spotify; Wikipedia;

PALANDI, Eduardo. Pablo Honey, obra-prima do Radiohead in SCREAM & YELL. Disponível em: screamyell.com.br/site/2009/01/20/pablo-honey-obra-prima-do-radiohead

BORG, Pedro. Crítica “Pablo Honey” – Radiohead in Plano Crítico. Disponível em: planocritico.com/critica-pablo-honey-radiohead

WITMER, Phil. O 'OK Computer' do Radiohead fez 20 anos, mas vamos falar do 'Hail to the Thief' in Vice. Disponível em: vice.com/pt_br/article/8qwmq4/radiohead-hail-to-the-thief-resenha

CAVALCANTI, Amanda. Há 10 anos, o Radiohead mudava a indústria fonográfica e o rock de tiozão in Vice. Disponível em: vice.com/pt_br/article/7xk35y/radiohead-in-rainbows-10-anos

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