Análise e comentários:
DISCOGRAFIA DE EVANESCENCE
26
de julho de 2020
fonte da imagem: blogs.oglobo.globo.com/ultimatum
Evanescence é uma banda de rock
estadunidense formada em 1995 por Amy Lee (vocal/piano) e Ben Moody (guitarra),
embora este tenha deixado o grupo. Entre 1998 e 2003, lançaram três EPs
e uma demo de onze faixas – tendo alcançado sucesso internacional com Fallen
(2003), o primeiro álbum de estúdio. Desde então, a banda segue entre as mais
queridas do público, dentro de seu gênero, tendo marcado inúmeras
adolescências, inclusive no Brasil. Além disso, recebeu o Grammy de Artista
Revelação em 2004, com seu estilo inconfundível: letras sobre temas obscuros,
como a morte, e a mistura entre o metal e a música sinfônica.
Os integrantes foram se alterando ao
longo dos anos, com exceção da líder, Amy Lee, com sua imensa capacidade vocal
– atuando, ainda, ao piano e na composição das músicas. Suas performances
altamente dramáticas acabam servindo de acesso catártico aos que sentem e se
identificam com as dores expressas em cada verso. Passaram também pelo
Evanescence, cujo nome se refere ao verbo evanescer (apagar-se/desaparecer), o
cofundador Ben Moody, guitarrista que deixou o grupo ainda na turnê do primeiro
disco, em 2003, alegando “diferenças criativas”; Terry Balsamo, David Hodges, John
LeCompt, Will Boyd e Rocky Gray. Atualmente, fazem parte da banda os seguintes
membros: Tim McCord (baixista), Troy McLawhorn (guitarrista), Jen Majura
(guitarrista) e Will Hunt (baterista).
O estilo musical do grupo pode ser
classificado dentro do gothic metal, que forma uma atmosfera sombria com
o auxílio do metal e elementos orquestrais – eles usam bastante coral, por
exemplo, típico da música erudita, dando um ar épico, grandioso ao som. Há,
ainda, traços de nu metal (como podemos ouvir em Bring me to Life,
o maior hit da banda) e o uso de sintetizadores. O último álbum de
estúdio, indo na contramão dos demais, vale-se de arranjos pautados não no
rock, mas sim na música clássica e eletrônica, ampliando a sonoridade do grupo.
Em se tratando de letra, eles abordam costumeiramente temas fúnebres, assim
como o mundo dos sonhos, o desconhecido, a perdição e os conflitos do amor. O
cristianismo também se faz presente em determinados versos, ainda que raros, mas
a banda rejeita o rótulo de banda cristã, pois Amy não gosta da ideia de usar
religião como marketing.
Até o presente momento, quatro
álbuns de estúdio formam a discografia do Evanescence – o quinto, chamado The
Bitter Truth, está previsto para estrear ainda este ano. São estes discos
que veremos na sequência desta introdução. Os álbuns ao vivo, por sua vez, são
dois: Anywhere but Home (2004) e Synthesis Live (2018). Os dois
primeiros EPs, Evanescence (1998) e Sound Asleep (1999),
bem como o disco demo Origin (2000), apresentam uma banda ainda
imatura, como se percebe nos vocais de Lee e na qualidade da gravação, mas
ciente de seu potencial. O terceiro extended play, Mystare
(2003), diferentemente, situa-se bem próximo da qualidade subsequente.
Pessoalmente, nunca fui um
verdadeiro fã da banda. Na adolescência, conhecia apenas os maiores sucessos –
e gostava bastante, diga-se de passagem. Somente agora, mais de década após do
auge do grupo, decidi mergulhar na experiência de ouvir a discografia completa.
E posso dizer que foi uma viagem muito prazerosa. A vontade nasceu quando
recebi, no começo do mês, uma caixa de CDs e DVDs, do amigo Fernando Silva de
Guarulhos, onde havia dois discos do Evanescence. Deixo registrado meu
agradecimento. Em seguida, meu comentário sobre cada álbum.
ÁLBUNS DE
ESTÚDIO:
Fallen (2003)
Nota pessoal: 9,4
(excelente)
Gênero: Gothic
metal; nu metal. Gravadora: Wind-up Records.
Grammy (2004):
Melhor Performance de Hard Rock para Bring me to Life.
1. "Going Under"
2. "Bring me to Life" (feat.
Paul McCoy)
3. "Everybody's Fool"
4. "My Immortal"
5. "Haunted"
6. "Tourniquet" (cover de
Soul Embraced)
7. "Imaginary"
8. "Taking Over Me"
9. "Hello"
10. "My Last Breath"
11. "Whisper"
12. "My Immortal" (versão
da banda)
Comentário:
O primeiro álbum de estúdio do Evanescence traz características de rock
sinfônico, com a utilização pontual de instrumentos orquestrais e forte coro –
além de um piano constante –, e uma vibe moderna, com guitarras à la
nu metal. Há ainda leves efeitos eletrônicos. É um som bem marcado pela época,
no início dos anos 2000, onde bandas como Linkin Park estavam em alta. Bring
me to Life, a segunda faixa, figura entre os hits mais populares do
gênero, até hoje. Duas canções, My Immortal e Hello, centram-se
na impecável e poderosa vocalista, Amy Lee, ao piano, criando uma aura
intimista e delicada, uma espécie de refúgio perante o agressivo metal das
demais faixas. No todo, o disco evoca sentimentos profundos, intensos e
obscuros. A sensação de “estar caindo dentro de um abismo em si mesmo” é
presente em boa parte das canções, que abordam majoritariamente os temas da
morte e do sonho – por meio de tons góticos/épicos e letras de alta poesia, que
trazem beleza às trevas internas.
The Open Door (2006)
Nota pessoal: 9,0
(excelente)
Gênero: Gothic
metal; rock sinfônico. Gravadora: Wind-up Records.
1. "Sweet Sacrifice"
2. "Call me
When You're Sober”
3. "Weight of the World"
4. "Lithium"
5. "Cloud Nine"
6. "Snow White Queen"
7. "Lacrymosa"
8. "Like You"
9. "Lose Control"
10. "The Only One"
11. "Your Star"
12. "All That I'm Living For"
13. "Good
Enough”
Comentário:
O sucessor de Fallen (2003) mantém a aura sombria no estilo da banda;
porém, é um álbum maior (em duração), de sentimentos mais diversos e espírito
mais contemplativo. A quinta faixa, Cloud Nine, uma das minhas
prediletas, traz um quê de macabro, de encantamento; Lacrymosa, faixa
número sete, incorpora o Réquiem de Mozart com o uso de guitarras
pesadas – criando uma atmosfera assombrosa. Dois hits, Call me When
You're Sober e Lithium, funcionam muito bem dentro do álbum ou
isoladamente, com letras e melodias poderosas. No geral, é como se Amy
estivesse presa nas trevas, buscando uma saída, uma “porta aberta” (que
aparece, afinal, na vibe refrescante, como um alvorecer, da última
faixa, Good Enough). Temos também a presença marcante de intenso coral,
a companhia do piano e um espaço maior às músicas calmas. Destaco ainda o
belíssimo encarte, composto de artes de fotografias caprichadas.
Evanescence (2011)
Nota pessoal: 8,9
(ótimo)
Gênero: Hard rock.
Gravadora: Wind-up Records.
1. "What You
Want"
2. "Made of Stone"
3. "The Change"
4. "My Heart Is Broken"
5. "The Other Side"
6. "Erase This"
7. "Lost in Paradise"
8. "Sick"
9. "End of the Dream"
10. "Oceans"
11. "Never Go Back"
12. "Swimming Home"
Comentário:
O disco homônimo busca uma sonoridade mais pesada, um rock mais “puro”, menos
orquestral, pouco eletrônico – a última faixa, Swimming Home, é a
exceção, sendo leve e dotada de vários sintetizadores. Os instrumentos,
principalmente os riffs das guitarras, estão bem marcados, intensos, bem
como os vocais de Amy Lee. The Change, que antecede o grande hit My
Heart Is Broken, tornou-se minha favorita do álbum, com grande performance
da vocalista e poderosa melodia. What You Want, outro hit,
abrindo a obra, foge um pouco do lado obscuro da banda, buscando uma vibe
um tanto motivacional, mas sem cair na pieguice. A atmosfera criada é agressiva
e também catártica, libertadora. Os horizontes esvanecidos nos ambientam em
plenitudes oníricas. Segundo Lee, algumas inspirações foram: “mundos
desconhecidos, o abismo do oceano, vida dentro dos sonhos, força, desapego,
amor e mentirosos” ¹. O Paraíso é citado algumas vezes, assim como o abrir e o
fechar dos olhos e a sensação de perder-se e afogar-se.
Synthesis (2017)
Nota pessoal: 9,2
(excelente)
Gênero: Orquestral;
gothic pop. Gravadora: BMG.
1. "Overture" (instrumental)
2. "Never Go Back"
3. "Hi-Lo"(feat. Lindsey
Stirling no violino)
4. "My Heart Is Broken"
5. "Lacrymosa"
6. "The End of the Dream"
7. "Bring me to Life"
8. "Unraveling" (interlúdio)
9. "Imaginary"
10. "Secret Door"
11. "Lithium"
12. "Lost in Paradise"
13. “Your Star”
14. “My Immortal”
15. “The In-Between” (interlúdio)
16. “Imperfection”
Comentário:
Quarto álbum de estúdio do Evanescence, Synthesis une o passado e o
presente da banda². Canções antigas são repaginadas, trocando o metal por uma
mistura de orquestra (som clássico) e batidas eletrônicas (som moderno), além
da inserção de duas novas músicas, Hi-Lo e Imperfection, e três
instrumentais, sendo dois interlúdios, centrados no piano de Lee. Há uma aura
cinematográfica, diria, em torno de cada faixa, o que aproxima o disco da
sonoridade típica de trilha sonora; porém, os maduros e dramáticos vocais
aliados ao pop da percussão virtual trazem certa originalidade. Por vezes,
sentimos a ausência da instrumentação original; mas, aqui, a proposta é outra.
Quando imergimos nessa experiência, acabamos entrando em uma atmosfera livre,
onde a música não se guia pelas coerções de seu próprio gênero, no caso, o rock,
mas busca novos horizontes – sensações inexploradas. Juntas, as faixas
funcionam bem, ainda que o disco seja relativamente longo; separadas, decaem,
pois o contexto contemplativo e a ordenação fazem parte do intuito artístico –
se assim não fosse, não haveria interlúdio, por exemplo.
ÁLBUNS AO
VIVO:
Anywhere but Home (2004)
“Ao vivo”
Nota pessoal: 8,9
(ótimo)
Gênero: Ao vivo; gothic
metal. Gravadora: Wind-up Records.
1. "Haunted"
2. "Going Under"
3. "Taking Over Me"
4. "Everybody's Fool"
5. "Thoughtless" (cover de
Korn)
6. "My Last Breath"
7. "Farther Away"
8. "Breath No More"
9. "My Immortal"
10. "Bring me to Life"
11. "Tourniquet"
12. "Imaginary"
13. "Whisper"
14. "Missing" (versão de
estúdio)
Comentário: Primeiro disco ao vivo da banda, lançado
após o grande sucesso internacional de Fallen (2003). Gravado em um show
realizado em Paris, a setlist traz os primeiros sucessos do Evanescence,
além de canções pouco conhecidas do grande público, um cover de Korn e ainda um
bônus, na última faixa, com a versão de estúdio de Missing. O CD cumpre
bem o propósito e nos empolga junto aos gritos da multidão, quando cada
clássico ecoa os primeiros acordes.
Synthesis Live (2018)
“Ao vivo”
Nota pessoal: 8,5
(ótimo)
Gênero: Ao vivo;
orquestral; gothic pop. Gravadora: Eagle Records.
1. "Overture / Never Go Back"
2. "Lacrymosa"
3. "End of the Dream"
4. "My Heart Is Broken"
5. "Lithium"
6. "Bring me to Life"
7. "Unraveling / Imaginary"
8. "Secret Door"
9. "Hi-Lo"
10. "Lost In Paradise"
11. "Your Star"
12. "My Immortal"
13. "The Inbetween / Imperfection"
14. "Speak to me"
15. "Good Enough"
16. "Swimming Home"
Comentário: Álbum ao vivo mais recente do grupo, Synthesis
Live traz aos palcos os arranjos do último disco de estúdio, Synthesis
(2017). Acredito que o espetáculo fique mais completo aliado ao vídeo, no caso,
a versão em DVD; mas só o áudio do show já consegue nos proporcionar uma boa
experiência imersiva satisfatória, com a essência do Evanescence, em todo seu
poder lírico, pautada entre a música erudita e os sintetizadores. Destaco a
performance de Amy Lee nas faixas 7 e 10.
Discografia
completa da banda:
Álbuns de estúdio
2020
– The Bitter Truth (em breve)
2017
– Synthesis
2011 – Evanescence
2006 – The Open Door
2003 – Fallen
Álbuns ao vivo
2018
– Synthesis Live (ao vivo)
2004
– Anywhere but
Home (ao vivo)
FONTES:
Todos os álbuns acima, em negrito; Spotify; Wikipedia;
¹
Lee, Amy (14 de março de 2010) «Some inspirations: unknown worlds, the ocean's
abyss...» In Twitter.
²
Stutz, Colin «Evanescence to Blend Orchestration With Electronica on New Album
'Synthesis'» In Billboard. Consultado em 24 de julho de 2020.
Parabéns pela "resenha". Eu como apreciador da banda há anos concordo em gênero, número e grau com sua análise!
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